Este ensaio tem como enfoque os processos curatoriais de exposições e de coleções das artes indígenas expressas na materialidade arqueológica, reflexão que pode ser construída a partir de uma multiplicidade de vetores analíticos. Como recorte, propomos analisar processos de curadoria de cinco exposições de peças arqueológicas pré-colombianas, organizadas em instituições brasileiras entre 2005 e 2023, cruzando três perspectivas de abordagem crítica: os acervos arqueológicos e etnográficos como produtos e produtores de colisões entre as histórias ocidentais e indígenas de longa duração; a arte indígena como expressão da tensão permanente entre ontologias e valores; o museu indígena, ou a indigenização do/no museu, como forma de resistência das alteridades possíveis. O objetivo da discussão é contribuir para o debate sobre os desafios futuros para a curadoria das coleções de arte ameríndia no Brasil, pela perspectiva da arqueologia.