Captação de Órgãos em um Hospital Público do Rio de Janeiro: o Impacto da Pandemia da COVID-19 / Organ Procurement in a Public Hospital in Rio de Janeiro: the Impact of COVID-19 Pandemic

Abstract

Introdução: Ao final do ano de 2019, o mundo foi marcado pelo surgimento de uma misteriosa pneumonia causada por uma variação do coronavírus (SARS-CoV-2), que foi inicialmente detectado em Wuhan, na China. Por conseguinte, os serviços de saúde foram afetados em todo o mundo, sendo necessária a adaptação deles para que as atividades conseguissem se manter em níveis adequados, o que inclui a mudança no protocolo de captação e doação de órgãos em diversas Organizações de Captação de Órgãos e Sociedades de Transplante. Objetivo: Delimitar como um novo protocolo de captação de órgãos influencia, em dados quantitativos, o Hospital Municipal Souza Aguiar, um hospital público de referência no município do Rio de Janeiro e também na América Latina. Metodologia: Foi feita uma busca ativa nas planilhas do centro cirúrgico do hospital, no período de 2014 a 2020, e um levantamento de dados quantitativos e qualitativos no PET (Programa Estadual de Transplante) acerca das captações realizadas. Resultado: Observou-se que, entre o período de 2015 a 2019, houve uma média de dez captações/ano, enquanto que em 2020 esse valor correspondeu à metade dos casos, sendo de apenas cinco captações. Discussão: A disparidade de captações pode ser justificada pela adaptação do protocolo de captação de órgãos e pelo manejo inadequado de potenciais doadores em leitos de terapia intensiva, uma vez que o número de leitos ocupados por pacientes com a COVID-19 disparou nos primeiros meses da pandemia. Além disso, foi observada uma ascensão no número de pessoas na fila de espera para transplante de órgãos a partir do ano de 2018.

O impacto da covid-19 em cirurgias de transplante de córnea no âmbito da SES – DF

“…Considerando a inexistência de hospitais exclusivos para a realização de transplantes no Estado, de modo que esses procedimentos são realizados em grandes hospitais gerais, que passaram a atender pacientes com covid-19, tornou-se impossível assegurar áreas totalmente isentas de risco de exposição ao vírus, para os indivíduos transplantados 12 . Assim, os centros transplantadores reservaram os procedimentos para situações graves e urgentes, e adotaram medidas mais conservadoras levando em consideração a capacidade hospitalar, a realocação de leitos e ventiladores mecânicos, a disponibilidade reduzida da força de trabalho dos profissionais de saúde e as incertezas do resultado 13,14 Sabe-se que a diminuição de transplantes é multifatorial, relacionando-se com o distanciamento social, diminuição do número de doadores, insumos, profissionais, leitos retaguardas, todos indiretamente ocasionados pela pandemia de covid-19 11,12,13 .…”