Descritores: Hanseníase/epidemiologia; Hanseníase/complicações; Cegueira/prevenção & controle; Infecções oculares bacterianas; Transtornos da visão Houve uma acentuada queda na prevalência da hanseníase nas últimas três décadas. Contudo, a incidência não diminuiu na mesma proporção. Hoje, três anos após a última data estipulada pela Organização Mundial da Saúde para o controle da hanseníase, pacientes considerados curados ainda necessitam de cuidados especiais por causa de suas incapacidades e reações imunológicas. A literatura médica refere cegueira em 4% a 11% dos pacientes estudados e, mais de 20% com graves problemas visuais devido a exposição da córnea, invasão bacilar e hipersensibilidade; estes mecanismos resultam em uma população de aproximadamente 1 milhão de pacientes cegos, embora a prevalência oficial não passe de 250.000 pacientes em todo o mundo. O autor destaca a necessidade de melhor tratamento e acompanhamento dos pacientes e, conclama os oftalmologistas a tornarem-se mais perceptivos e se interessarem mais pelo tratamento das complicações oculares da hanseníase.
RESUMO EPIDEMIOLOGIANos últimos 25 anos, a hanseníase experimentou uma vertiginosa queda nos seus índices de prevalência em todo o mundo, principalmente nos países endêmicos, incluído o Brasil, que detêm ainda mais de 80% dos pacientes das Américas. Esse espetacular declínio ocorreu em decorrência da introdução da poliquimioterapia (PQT) instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), capaz de tratar com êxito os pacientes paucibacilares (PB) e os multibacilares (MB) em regime de seis meses e um ano, respectivamente. Em 1975 havia 10 milhões de pessoas atingidas pela doença no mundo; em 1991, 5,5 milhões; chegando a menos de 1 milhão em 1995 (1) . Atualmente esse número se aproxima de 213 mil pacientes (2) . No entanto, o índice de detecção da doença (254 mil) não decresceu proporcionalmente à prevalên-cia, sugerindo que além do diagnóstico tardio, outros fatores não conhecidos possam estar interferindo nesses índices, já que a saída do registro ativo desses pacientes é tão somente por conta da brevidade e eficiência do tratamento, em tornar o paciente abacilífero (2) .Hoje, 3 anos após a última data alvo para o controle da hanseníase, amplamente propalada pela OMS, há de se concordar que nenhuma das previsões quanto a esse objetivo se concretizou, e mesmo os pacientes "tecnicamente curados" continuam a necessitar de cuidados médicos especiais, seja pela possibilidade de recidiva, seja para tratamento de incapacidades ou surtos reacionais.Somado a isso, pesquisas recentes no Brasil revelam um percentual de cegos em consequência da doença, de 4 a 11%, que acrescidos da perda visual