Avaliação do desenvolvimento geral de crianças de um a cinco anos de idade contaminadas por chumbo

Abstract

Este trabalho pretendeu investigar, por meio do Inventário Portage Operacionalizado, o desenvolvimento geral e as áreas em defasagem de 60 crianças de um a cinco anos de idade, com nível de contaminação por chumbo no sangue superior a 10µg/dl. Foram avaliadas 15 de cada faixa etária: 1 a 2, 2 a 3, 3 a 4 e 4 a 5 anos com índices de contaminação por chumbo até 45,40µg/dl. Os resultados obtidos mostraram que em desenvolvimento geral não se observou defasagens importantes. A análise das áreas específicas apontou que as crianças, independente da faixa etária, apresentaram defasagens importantes em Cognição e Linguagem. Em Cognição, considerando o nível de chumbo no sangue, o resultado foi estatisticamente significante para a faixa de dois a três anos. Os dados mostraram que o desempenho em Cognição piora enquanto que o de Linguagem melhora com a idade. Em Linguagem observaram-se mais crianças em defasagem no nível mais alto de contaminação por chumbo do que em Cognição. O número reduzido de crianças e a ausência dos dados do grupo de controle impedem a afirmação de que os resultados observados, ainda que coerentes com a literatura, devem-se somente aos efeitos da contaminação por chumbo.Palavras-chave: contaminação por chumbo; avaliação de desenvolvimento; Inventário Portage Operacionalizado.

Crianças Contaminadas por Chumbo: estudo comparativo sobre desempenho escolar

“…Compuseram o Grupo 1 as 25 primeiras crianças contaminadas por chumbo no sangue (entre 14,40 e 43,82µg/dl), encaminhadas para avaliação no projeto "Atendimento emergencial para crianças de zero a 13 anos de idade contaminadas por chumbo" (Rodrigues, 2002). O Grupo 2 era formado por crianças com chumbo zero comprovado, e o Grupo 3 por crianças moradoras em bairro distante da fonte contaminadora, mas nas mesmas condições sociais do bairro das crianças dos Grupos 1 e 2.…”

“…As crianças do Grupo 1, contaminadas por chumbo, participavam do projeto de extensão "Atendimento emergencial para crianças de zero a 13 anos de idade contaminadas por chumbo" (Rodrigues, 2002), que tinha por objetivo avaliar seu desenvolvimento geral, intelectual, o desempenho escolar e os possíveis efeitos da contaminação ambiental ocorrida em bairros próximos a uma fábrica de baterias automotivas (Simonetti et al, 2004;Padula et al, 2006).…”

Children's Environment in Brazil: From Domestic (Indoor) to Regional Threats

“…Sakuma et al [130] reported that contamination from lead in a former mining area may explain the higher urinary arsenic values among the children living nearly, despite the median arsenic values do not warrant immediate health concern. Conversely, researchers suggested relations among important imbalances in cognition and language in early childhood with indices of contamination for lead up 10.0μg/dl to 45.40μg/dl [135], and also neurological risk factor of exposure to lead on dust and by ingestion, in children from an economically deprived community [132] especially in those presenting pica and malnutrition [138].…”

“…The CDC [175] informs that today there are approximately half a million U.S. children ages 1-5 with blood lead levels above 5 µg/dl, the reference level at which CDC recommends public health actions be initiated. In our review, lead showed morbidity when the levels in the blood were higher than 10µg/dl [136] and could cause alterations in language acquisition [135].…”

Percepção de risco de pessoas envolvidas com intoxicação por chumbo

“…Também se encontram na literatura vários estudos que mostram a infl uência da intoxicação por chumbo na diminuição do Quoefi ciente Intelectual -QI (Amaral, 2004;Canfi eld & cols., 2003;Rodrigues, Almeida, & Ribeiro, 2003;Kaufman, 2001 Em recente estudo, Ribeiro (2007) procurou investigar o efeito de duas intervenções domiciliares diferentes, em crianças de três a cinco anos contaminadas por chumbo: (a) uma em que as mães foram treinadas individualmente para lidar com os comportamentos em que seus fi lhos apresentavam défi cits de desenvolvimento; (b) outra em que as crianças recebiam um brinquedo novo semanalmente e eram ensinadas a como utilizá-lo, tendo também a possibilidade de desenvolver comportamentos identifi cados como defi cientes. Os dados indicaram que o maior acréscimo de comportamentos ocorreu no grupo em que as mães foram treinadas para estimular os comportamentos em défi cit dos fi lhos.…”