Introdução: O luto perante a morte perinatal é específico e diferente de uma perda real, uma vez que a mãe nunca conheceu o objeto do seu luto e a morte repentina do bebê representa também a perda de uma identidade maternal. É neste momento, após o conhecimento de que algo que não aconteceu, que as expectativas e os desejos de gerarem uma vida ficam proibidos, e o sofrimento e a reação à perda tomam repercussões. Objetivo: Investigar as vivências de mães em luto perinatal. Método: Trata-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, realizada com mulheres em luto perinatal acompanhadas pela equipe multiprofissional de uma maternidade pública da Paraíba, com idade maior ou igual a 18 anos. Utilizou-se a saturação dos dados para o fechamento amostral. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Resultados: Participaram das entrevistas 18 mulheres em luto perinatal. A partir dos discursos das mulheres enlutadas foi possível elaborar duas categorias temáticas: categoria temática 1 – processo de enlutamento; e categoria temática 2 – processo de cuidar à parturiente. Discussão: De forma geral, observou-se que a maioria das mulheres elaborou a perda de seus bebês, atravessou o trabalho de luto, experimentando sentimentos de choque, negação, culpa, ambivalência, e, com isso, ressignificando suas dores, contudo, outras mulheres não conseguiram elaborar a perda do bebê morto. No que se refere ao processo de cuidar, observou-se, de forma geral, uma lacuna na assistência humanizada às mulheres, sobretudo no período intraparto e puerperal. Conclusão: Consideram-se urgente a elaboração e a implantação de uma política pública voltada para o luto perinatal, desde o puerpério imediato até o seu retorno domiciliar, a fim de assistir às mulheres no período puerperal, considerado o mais difícil no processo de enlutamento.