Aspectos epidemiológicos dos acidentes ofídicos ocorridos na Região de Integração Lago de Tucuruí entre os anos 2010 e 2019

Abstract

Introdução: Os acidentes ofídicos representam um sério problema na saúde pública pela grande incidência e gravidade. No Brasil são causados pelas serpentes dos gêneros Crotalus, Lachesis, Bothrops e Micrurus. Objetivos: o presente trabalho objetivou a investigação da prevalência de acidentes ofídicos e variáveis relacionadas na Região de Integração Lago Tucuruí entre os anos 2010 a 2019. Metodologia: Nessa ótica, foi realizado um estudo epidemiológico descritivo, os dados foram obtidos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), tabulados e analisados através dos programas Microsoft Excel, BioStat 5.0 e PAST 3.04. As variáveis utilizadas foram: sexo, faixa etária, escolaridade, município de ocorrência, mês do acidente, gênero da serpente, tempo entre picada-atendimento, gravidade e evolução final. Resultados: No período analisado houve 3.534 ocorrências. As vítimas foram predominantemente do sexo masculino (77%), 20 a 39 anos (38%), com baixa escolaridade (61%); o Município de Novo Repartimento apresentou maior número de casos (30%) e taxa de prevalência por mil habitantes (17,19 casos/1.000 habitantes); observou-se maior frequência de eventos no período de alta pluviosidade (63%); dos acidentes provocados por serpentes peçonhentas (N=2.840), o gênero Bothrops foi o responsáveis pela maioria (78%); com relação ao atendimento houve predominância no decorrer de 6 horas (71%) destas 45% em até 3 horas; a maioria das ocorrências foi classificada como leve (63%), com evolução clínica para a cura (81%). Considerações final: A criação do perfil epidemiológico do ofidismo em nossa região, é crucial para contribuir com estratégias de combate e controle voltadas para as localidades mais afetadas.

A injúria renal aguda relacionada aos acidentes ofídicos: uma revisão integrativa da literatura

“…A etiologia da IRA é bastante diversificada, podendo ser causada desde uma isquemia até substâncias nefrotóxicas, incluindo medicamentos como antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) e alguns venenos de animais peçonhentos, sobretudo cobras. São descritos como fatores de risco a idade mais avançada, o gênero masculino, depleção de volume, perdas gastrointestinais e a presença de comorbidades, sendo estas a diabetes, a DRC e a insuficiência cardíaca Nesse contexto, os acidentes ofídicos são descritos como envenenamento causado pela inoculação de toxinas, através de presas de serpentes, podendo determinar alterações locais, na região da picada, e sistêmicas, sendo a manifestação clínica dependente da natureza e da dose do veneno injetada (BRANDÃO et al, 2020). São comuns dor local, edema, formação de bolhas, equimoses, necrose tissular e parestesia.…”

“…Um dos motivos para a evolução da IRA e agravamento do caso são as práticas históricas e culturais, realizadas e difundidas pelos indivíduos, acerca da melhor conduta frente a picadura, tais como realização de torniquete e sucção local, aplicação de ervas e preparados entre outros. Estas ações contribuem para elevação dos índices de infecção secundária e para o agravamento do quadro sistêmico, na medida em que, ao realizá-las, eleva-se o tempo para chegar até a emergência e proceder com o tratamento adequado (GANTAIT et al, 2019;BRANDÃO et al, 2020).…”

“…Outras medidas para prevenir complicações são as ações de educação da população mediante ao acidente, devendo-se lavar o local da picada com água e sabão, não fazer torniquete, não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida; não aplicar nenhuma substância sem indicação médica e levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde para receber o tratamento adequado em tempo (BRANDÃO et al, 2020).…”

Atitudes e políticas ambientais para a conservação das serpentes e prevenção de acidentes ofídicos: Uma revisão integrativa

“…O acidente ofídico é, portanto, um importante problema de saúde pública devido à sua alta incidência e gravidade e porque, em países com sistemas de saúde instáveis, a demora no tratamento muitas vezes leva a sequelas que podem resultar em incapacidade temporária ou permanente. Portanto, segundo a Organização Mundial da Saúde e a Academia Brasileira de Ciências, a doença é classificada como uma doença tropical negligenciada (Brandão et al, 2021).…”