IntroduçãoComo o resto do mundo, também a Coréia do Sul caiu em 2008 em uma crise grave, com uma queda da sua moeda relativa ao dólar em mais de 30% em 2008 e uma contração prevista da sua economia de 2 a 7% em 2009. Estas turbulências refletem aqui certos pontos fracos do seu modelo econômico, embora este tenha sido muito bem-sucedido em termos gerais, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento industrial impressionante das últimas décadas. Também são conseqüência, entre outros fatores, de uma abertura financeira que lhe deu maior fragilidade nos últimos 20 anos.Há vários desafios difíceis que o país terá de enfrentar para recuperar seu dinamismo: algumas correções do seu modelo econômico para lhe dar maior flexibilidade e menor fragilidade, e, ao mesmo tempo, evitar o aumento das desigualdades sociais até agora relativamente modestas; as tensões geradas pelos projetos de livre-comércio com os Estados Unidos; as incertezas da Coréia do Norte, com riscos de implosão da irmã inimiga e de conseqüências ainda mais complicadas do que teve a queda da Alemanha oriental para a Alemanha ocidental; e, de maneira geral, a difícil situação de "um camarão entre duas baléias" -a de um país pequeno entre o gigante do high-tech, Japão, e a imensa "fábrica do mundo", que é a China, com salários muito baixos, mas um nível tecnológico crescente.Para compreendermos melhor a situação do País e suas perspectivas, temos de, em primeiro lugar, analisar o contexto histórico-estrutural e identificar o conjunto de fatores que explicam o "milagre econômico" coreano das últimas décadas. Os pontos fracos desta história de sucesso também serão elementos importantes a serem considerados. Daí, então, as mudanças que levaram a certas alterações do modelo coreano devem ser analizadas em relação à grave crise de 1997-98 e ao crescimento ainda sólido, embora mais reduzido, posterior. Uma breve olhada para a misteriosa Coréia do Norte completa esta visão panorâmica que tenta dar