“As intermitências da morte” no ensino da ética e bioética

Abstract

Resumo As diretrizes curriculares para o curso de graduação em medicina preconizam formação médica humanista, reflexiva e ética. Determinam também que o profissional médico esteja apto para acompanhar o processo de morte, sendo fundamental para isso a avaliação de métodos ativos de ensino-aprendizagem das humanidades e da ética e bioética no curso de medicina. Este artigo propõe avaliar o uso da obra “As intermitências da morte” de José Saramago como ferramenta de ensino da ética e bioética, abordando essencialmente reflexões individuais e coletivas ao lidar com o tema da morte. Trata-se de estudo descritivo com análise qualitativa de avaliação da obra em questão por alunos de medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Conclui-se que esse instrumento é recomendado no ensino das humanidades, comprovando que sua leitura atribuiu capacidades subjetivas ao estudante para lidar com situações relacionadas à morte respeitando os princípios da bioética.

Perfil acadêmico e produtividade científica dos docentes de Bio(ética) no ensino da fonoaudiologia do Rio Grande do Sul

“…A comunicação entre médico e paciente também surge como uma temática dos estudos e necessária abordagem na formação, funcionando como ferramenta para o estabelecimento e fortalecimento do cuidado (GONZALEZ; BRANCO, 2012;SILVA;SOUSA;RIBEIRO, 2018;SUCUPIRA, 2007). Além disso, a temática reafirma a preocupação com a necessidade de consonância entre a formação médica, o processo de humanização da assistência à saúde e os fatores psicossociais que envolvem o tema da morte (BONAMIGO; DESTEFANI, 2010; FREIBERGER; CARVALHO; BONAMIGO, 2019;SANTOS;LINS;MENEZES, 2018;ZANATTA et al, 2020). A limitação humana de lidar com a dor e com o sofrimento, condições comuns no cotidiano médico, pode motivar como autoproteção o afastamento entre o profissional e os pacientes (AMORE FILHO et al, 2018;GONZÁLEZ BLASCO, 2010).…”

Morte e morrer na formação médica brasileira: revisão integrativa

“…Os principais aspectos discutidos pelos artigos selecionados no que tange aos impactos psicossociais da morte e do morrer na formação médica foram aqueles ligados a seus elementos biotecnicistas; a questão do sofrimento e do despreparo diante de situações de terminalidade; as dificuldades vivenciadas pelos estudantes; e a influência de crenças e experiências pessoais. Do total de 36 artigos, 13 apresentaram críticas acerca de perspectivas da graduação médica voltadas a referências preponderantemente biomédicas organicistas e que priorizavam o tradicional paradigma científico-biológico 12,21,22,24,26,31,33,37,38,40,44,46,50 . A precariedade ou inexistência da abordagem da morte e do morrer na graduação médica resultou em um conjunto de problemas que foram identificados e discutidos nos estudos.…”

“…Vinte e quatro estudos identificaram diferentes modalidades de abordagem da morte e do morrer ao longo da formação 12,18,20,22,25,28,[30][31][32][33]37,38,[40][41][42][43][44][45][46][47][48][49][50][51] . Foram identificados cursos de pequena duração em ética médica 28 , cursos em cuidados paliativos 48 , projetos de extensão 41 , disciplinas optativas 41 , disciplinas eletivas 12,48 , disciplina curricular 33,48 , ambulatório didático de cuidados paliativos 30 e componente curricular de ética e bioética 46 . Além desses, um artigo verificou que o contato diário e progressivo com o tema ocorria em várias disciplinas ao longo da graduação, mesmo que o estudante não se desse conta disso 40 .…”

“…Além disso, outros artigos discutiram que até mesmo os próprios docentes não apresentavam conhecimentos suficientes sobre o tema 12,42,47 . Dos artigos analisados, identificou-se um conjunto de discussões mais especificamente voltadas à organização curricular dos cursos de medicina que dificultavam ou pouco favoreciam a abordagem da morte e do morrer na formação dos estudantes 12,18,20,22,25,28,[30][31][32][33]37,38,[40][41][42][43][44][45][46][47][48]50,51 . Alguns artigos apontaram que os acadêmicos eram privados do contato com o ser humano nas situações de aprendizado envolvendo cuidados em saúde nos dois ou três primeiros anos de graduação 25,33,45 , sendo geralmente restritos ao contato com o cadáver no laboratório de anatomia nos períodos iniciais 33 , quando ocorre o início do contato com a morte 22,40 .…”

Percepção e Vivência da Morte de Estudante de Medicina durante a Graduação

“…Por conta disso, o assunto é sempre evitado, como se abordar tal tema fosse uma forma de atrair a morte, o que evidentemente leva à fuga da reflexão sobre o fato. Em contrapartida, ocorre cotidianamente o contato, por meio dos meios de comunicação, com imagens de horror e morte, seja em forma de documentários ou ficção 18 .…”