Boa tarde, agradeço o convite para participação nesta mesa e poder comentar algumas ideias a respeito de minha prática clínica no campo da saúde mental, como psiquiatra e psicanalista em um departamento de psiquiatria da EPM-UNIFESP e como membro dessa sociedade. Sabemos que a Psicanálise começou com o atendimento das pacientes histéricas no final do século XIX. A partir dessa clínica Freud formulou seu modelo de aparelho psíquico regido pelo inconsciente e estruturado pela ação psíquica do recalcamento, sua teoria do sonho, da sexualidade e a importância do complexo de Édipo na estruturação da personalidade (Nishikawa et al, 2017). No final do século XX, Green (1988) pergunta se a clínica do paciente borderline não desempenharia um papel equivalente à dos histéricos no começo do século, pois nota-se uma mudança nos quadros clínicos, e a psicanálise tem sido desafiada a responder a essa nova clínica do século XXI. Após duas guerras mundiais, a capital cultural desloca-se da Europa, Paris, para a América, Nova York e cria-se a Organização Mundial de Saúde com a preocupação de compreender a distribuição mundial das doenças e os fatores de risco associados a cada enfermidade. A estatística na saúde passa cada vez mais a ser considerada (Nishikawa et al, 2017). Na década de 50 deu-se a introdução da clorpromazina, droga mais eficaz no tratamento de processos psicóticos e o lançamento do primeiro manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM) da associação psiquiátrica americana.Este manual, diferentemente da tradição europeia, não seguia nem a noção de processo de doença, da psiquiatria alemã, e nem a de constituição pessoal, da escola francesa. No entanto, ainda mantinha, na sua classificação, a