O ano de 2019 marca uma dupla importante efeméride do pensamento econômico brasileiro. Trata-se dos 60 anos da tese de livre-docência do Professor Antonio Delfim Netto, posteriormente publicada em livro de grande impacto, intitulada "O Problema do Café no Brasil." No mesmo ano de 1959, outra importante obra da historiografia econômica brasileira era publicada, Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado. O Professor Delfim dispensa apresentações, mas acho importante ressaltar alguns aspectos da sua carreira para que tenhamos uma perspectiva adequada para entender seu trabalho celebrado na sessão especial da ANPEC 2019 por mim presidida, ocorrida na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, no dia 13 de dezembro, com as participações de Flávio Versiani (UnB) e Marcos Lisboa (INSPER), além do próprio Delfim. Nascido em São Paulo em 1928, iniciou em 1944, aos 16 anos, a escola técnica de contabilidade, formando-se em 1947. Como ele disse em entrevista de 1995, sempre quis ser engenheiro, mas por ser de família modesta tinha que trabalhar, o que era impossível de ser feito conjuntamente ao curso de engenharia. Em setembro de 1945, o decreto-lei no. 7.988 normatizou o ensino superior de ciências econômicas e de ciências contábeis e atuariais no Brasil, permitindo que diplomados em cursos comerciais técnicos prestassem vestibular para ingresso nas universidades. Assim, aos 19 anos de idade, inicia em 1948 o recém-criado curso de economia da FEA-USP (criado em 1946), concluindo-o em 1951. No ano seguinte, em 1952, é nomeado assistente do Professor Luiz de Freitas Bueno, que era catedrático da cadeira de Estatística I da FEA-USP. Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial 4.0 Internacional.