Oduvaldo Vianna Filho (1936Filho ( -1974 -também conhecido como Vianinha -é um dos grandes dramaturgos brasileiros. Entre suas principais obras, estão peças como Chapetuba F. C. (1959), Mão na luva (1966), e Papa Highirte (1968. Sua última peça foi Rasga coração (1974), considerada por muitos críticos a grande obra de seu repertório. Encenada somente cinco anos após a morte de Vianinha, devido à censura da ditadura militar vigente no país, ela apresenta o conflito entre um pai comunista (Manguari Pistolão) e um filho adepto dos valores hippies e da contracultura (Luca). Tal conflito está arraigado numa estrutura formal que permite a apresentação simultânea do plano do passado e do presente no palco, e o resultado é a construção de uma análise da história do Brasil e de suas lutas políticas que começa no início do século XX e se estende até os anos 1970.Os anos 1960 e 1970 apresentaram ao público certas inovações em relação à estética teatral, que tentavam acompanhar as transformações históricas daquele momento. Em entrevistas que concedeu, o dramaturgo carioca costumava analisar algumas formas estéticas inovadoras no teatro brasileiro. Isso é exemplificado numa entrevista sua a Luís Werneck Vianna, quando Vianinha comenta sobre Arena conta Zumbi (1965), peça organizada pelo Teatro de Arena e que apresenta, entre outras características, simultaneidade temporal, análise histórica da questão da escravidão e recursos tais como música, dança, diálogos, slides: E soltam um teatro altamente criativo, elétrico, que traz uma série de novas formas, que o teatro brasileiro esboça em alguns espetáculos, como Arena Conta Zumbi (que é a simultaneidade) [...]. Quer dizer -o espetáculo Arena Conta Zumbi já tem muito disso, desta simultaneidade, estas coisas correndo, as diversas coisas sendo causa e efeito de si mesmas, quer dizer, o contraditório, as contradições da realidade seriam muito imbricadas (Peixoto, 1983, p. 167-8).