Análise da decisão de compra de medicamentos frente à existência de produtos substitutos: um estudo no município de Belo Horizonte, Brasil

Abstract

Este estudo tem como objetivo identificar e analisar os fatores que influenciam a tomada de decisão do consumidor na compra de um medicamento. Antes da implementação da Lei dos Genéricos, os consumidores desfrutavam de duas opções para aquisição do produto no mercado privado: os medicamentos de referência e os similares. Os medicamentos genéricos são parte de uma política pública com o objetivo de ampliar o acesso à medicação para a população, com custos mais acessíveis, mantendo-se a mesma qualidade do medicamento de referência, assegurados por testes de bioequivalência atestados pela ANVISA. Não obstante, gerou-se a dúvida se este consumidor potencial sabe quais são as diferenças entre um medicamento genérico, similar ou de referência, em especial se considerado o momento da compra. Para atender aos objetivos estabelecidos foi realizada pesquisa de abordagem quantitativa com 403 potenciais consumidores de medicamentos, residentes na cidade de Belo Horizonte. Os dados colhidos foram tabulados e analisados de acordo com a técnica de análise fatorial e tabulação cruzada. Os resultados encontrados permitem inferir que existe forte disposição dos consumidores em aceitar as sugestões dos farmacêuticos/balconistas e parcela importante da população se confunde no momento da compra.

Assimetria De Informação Nas Relações Entre Médicos, Pacientes E Farmacêuticos: Impactos Na Prescrição E Compra De Medicamentos

“…A assimetria ocorre quando o médico prescreve um medicamento para o paciente e o paciente este último não leva em consideração as orientações a respeito desse produto ao comprá-lo e consumi-lo. Por outro lado, quando o paciente busca as informações complementares sobre o medicamento, o mais usual é que ele não encontre nas farmácias o farmacêutico, que é frequentemente substituído pelo balconista, um profissional que não é adequado para fornecer orientações sobre o produto (SOUSA, 2007;MOTA et al, 2008;LARA, 2013).…”

“…Corroborando esta visão, Sousa (2007) propõe um modelo de relação entre os medicamentos de referência e os genéricos, e afirma ainda que mesmo a ANVISA garantindo a intercambialidade e a qualidade dos medicamentos e mesmo sendo estes classificados como bens credenciais, eles não podem ser considerados bens substitutos perfeitos, devido à existência de medicamentos similares e ao atributo de preço. A Ainda nesta visão, quando são confrontadas as condições de preço e qualidade entre dois medicamentos, o paciente (consumidor) avalia o problema considerando: que não tem melhores informações sobre o medicamento; mesmo existindo um medicamento mais eficaz, seus custos são mais Bens substitutos quase perfeitos elevados que os do genérico; os médicos geralmente prescrevem um medicamento eficaz com base nas informações fornecidas pelos laboratórios, para o qual possui um genérico (ANDRADE, 2005).…”

“…Entretanto, pode ser identificada com frequência a presença do balconista substituindo a função do farmacêutico (RUMEL; NISHIOKA; SANTOS, 2006). Tal situação pode propiciar práticas de substituição de medicamentos que não são intercambiáveis LARA, 2013). A ANVISA garante a intercambialidade entre o medicamento de referência e o genérico.…”

“…Quanto aos profissionais de saúde, a ANVISA determina que a prescrição de medicamentos genéricos seja realizada com base em estudos recentes e em cartilhas produzidas pela própria instituição (ANVISA, 2015a). Entretanto, é sabido que as informações adquiridas pelos médicos provêm, em grande parte, diretamente das indústrias farmacêuticas (PIZZOL; SILVA; SCHENKEL, 1998;SOUSA, 2007;LARA, 2013;LARA, 2015).…”

“…Em muitos casos, o farmacêutico é substituído pelo balconista, o que diminui a segurança do paciente, pois ele pode oferecer opções que lhe garantam mais remuneração ou amplie a rentabilidade da farmácia (BARBERATO-FILHO;LOPES, 2007;SOUSA, 2007;MESQUITA, 2010).…”