RESUMO Objetivo Analisar a sobrevida de portadores da doença de Chagas, beneficiários da previdência e da assistência social no Brasil, 1942-2016. Métodos Estudo de coorte retrospectivo com dados do Ministério da Previdência Social. O evento de interesse foi o óbito, e as funções de sobrevida foram estimadas pelos métodos Kaplan-Meier e de regressão de Cox. Resultados No período “início da doença até o óbito”, o sexo feminino (HR=0,54; IC95% 0,43–0,53) e recebimento de benefícios previdenciários (HR=0,13; IC95% 0,11–0,23) foram associados a maior sobrevida. A menor sobrevida esteve associada à forma cardíaca da doença (HR=2,64; IC95% 2,23–3,12), residência em zona rural (HR=1,23; IC95% 1,14–1,21) e manifestação da doença entre os anos de 2000 e 2016 (HR=5,32; IC95% 4,74–5,93). Da mesma forma, no período “incapacidade laboral até o óbito”, o sexo feminino (HR=0,51; IC95% 0,41–0,52) e o recebimento de benefícios previdenciários (HR=0,24; IC95% 0,14–0,45) foram associados a maior sobrevida, assim como forma cardíaca da doença (HR=1,95; IC95% 1,83–2,13), residência em zona rural (HR=1,31; IC95% 1,21–1,54) e manifestação da doença entre os anos de 2000 e 2016 (HR=1,53; IC95% 1,33–1,71) associaram-se a menor sobrevida. Conclusão Os principais preditores de mortalidade e sobrevida de portadores de doença de Chagas que recebem benefícios previdenciários e assistenciais no Brasil foram apresentados. Estes achados podem nortear a definição de prioridades de ações de acompanhamento pela atenção primária à saúde, preconizada atualmente para o manejo longitudinal da doença.