RESUMOEste estudo objetivou compreender a dinâmica adaptativa do sistema familiar vulnerável à morte e ao morrer. Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória com abordagem qualitativa, desenvolvida em um hospital público, com nove famílias, delimitadas pela saturação dos dados. A coleta de dados ocorreu no período de abril a maio de 2015 por meio de entrevista semiestruturada e desenvolvimento de Genograma e Ecomapa familiar, analisados mediante Discurso do Sujeito Coletivo. Utilizamos como fundamento teórico o Pensamento Sistêmico. Os resultados envolveram 05 eixos: modulação sistêmica para superação da crise, equipe de saúde como parceira no processo de enfrentamento saudável, rede social como elemento protetor, espiritualidade como fonte de apoio, e recursos financeiros como sustento necessário. Concluímos que a família expressa interações sistêmicas adaptativas e resilientes frente ao processo de hospitalização, a partir de recursos próprios, da equipe de saúde e da rede de apoio socioeconômica e espiritual. Assim, inferimos que os profissionais de saúde devem aperfeiçoar seu saber-fazer e o cuidado junto à família, sugerindo-se a abordagem Sistêmica como metodologia inovadora a uma práxis de cuidados integrais à família vulnerável à morte e ao morrer no contexto hospitalar.Palavras-chave: Morte. Família. Cuidado.
INTRODUÇÃOA família é o alicerce social de cada indivíduo, representando a instituição relacional primária da pessoa humana. Desse modo, emerge como uma unidade interdependente, na qual os relacionamentos do círculo familiar influenciam uns aos outros, de modo que toda mudança ocasionada nesse contexto irá exercer influência em cada indivíduo, separadamente e no sistema como um todo (1) . A família que enfrenta o adoecimento experimenta sentimentos negativos, como tensão e medo, devendo também ser acolhida no processo de cuidar. É de suma importância que os profissionais de saúde voltem sua atenção para estas pessoas na compreensão de sua difícil posição ao lado de um ente querido em estado grave (2) . Assim, emerge a importância da disponibilidade do profissional para interação e vínculo com familiares, fazendo com que estes fiquem atentos para a escuta, partilha de informações e reconhecimento de suas tentativas de prover o bem ao ente. Neste sentido, a interação levará em conta o contexto e os anseios familiares, incluindo-lhes nos processos decisórios e influenciando-os à acareação da situação negativa a qual estão submetidos (3) . Deste modo, compreende-se que a família é considerada como um todo, no qual cada membro desse sistema é uma parte inseparável e expressiva, necessitando, assim, de um cuidado com olhar mais sensível e integral para as necessidades espirituais e biopsicossociais frente à hospitalização e ao risco de morte (4)