Administração desnorteada? Uma revisão sistemática sobre a perspectiva decolonial e os estudos em organizações

Abstract

A hegemonia do conhecimento em administração a partir de um paradigma funcionalista sociológico tem resultado em um cenário de longa duração de assimetria e injustiça no campo de administração/gestão. Não obstante, a perspectiva decolonial tem ganhado terreno com trabalhos recentes que fazem uso da abordagem na ampliação de agendas de pesquisa em administração. Este trabalho indagou quais são as possibilidades do uso das perspectivas decoloniais na administração/gestão presentes na literatura da área e para isso uma revisão sistemática de literatura foi realizada. Os resultados revelam que pesquisadores tem obtido êxito em debater diversos temas sob a luz da perspectiva decolonial. Trazemos como contribuição teórica o entendimento de que o reforço da dicotomia Norte-Sul ou a posição essencialista radical não é o caminho apontado pelos artigos e defendemos que o estar “desnorteado” é importante, no sentido de desvincular o Norte como ponto de referência principal, porém sem ignorá-lo.

The contributions of Clóvis Moura’s interpretation of slavery in Brazil and the possible dialogues with organization studies

“…Similarly, in Organization Studies, there has been an increasing mobilization of perspectives concerned with questioning the geopolitics of knowledge, seeking to think from the periphery (Louredo & Oliveira, 2022). By denaturalizing the persistence of Anglo-Saxon models of knowledge construction (Mignolo, 2020), new possibilities emerge to historicize OS and to give them geographical grounding (Wanderley & Barros, 2018).…”

As contribuições da interpretação de Clóvis Moura sobre a escravidão no Brasil e seus possíveis diálogos com os Estudos Organizacionais

“…De maneira similar, nos Estudos Organizacionais, vem se observando uma ascendente mobilização de perspectivas que se preocupam em questionar a geopolítica do conhecimento, procurando pensar a periferia de seu contexto e para o seu contexto (Louredo & Oliveira, 2022). Ao desnaturalizar a persistência de modelos anglo-saxões de construção do conhecimento (Mignolo, 2020), emergem novas possibilidades de historicizar os Estudos Organizacionais e de também dar a eles ancoragem geográfica (Wanderley & Barros, 2018).…”

“Arreda, Homem, que aí Vem Mulher”: Gênero e Afrorreligiosidade em Organizações Religiosas Afro-brasileiras

“…Nesse contexto, este artigo "desnorteia" o conhecimento produzido em administração, uma vez que se desvincula do norte como seu principal ponto de referência (Lauredo & Oliveira, 2022). A teoria da afrocentricidade é uma escolha epistemológica viável para criar esses "desnortes", uma vez que, segundo Asante (2009), ela situa tanto a cultura como o povo africano no centro das produções simbólicas e materiais em detrimento do eurocentrismo.…”