Resumo: A violência verbal, configurada por múltiplas semioses (FAIRCLOUGH, 2003) como ofensiva, tem no ambiente virtual um espaço profícuo de atuação. O anonimato e a ausência de regulações da interação face a face fazem com que agentes sociais mobilizem recursos lexicogramaticais produzindo discursos violentos. Essa escolha pode gerar ofensas e insultos, de forma a, inclusive, promover e perpetuar relações desiguais de poder. Esse artigo tem como objetivo analisar vozes autorais inseridas nas notícias publicadas pelo BHAZ e pelo jornal O Tempo, ambos de Belo Horizonte -MG, sobre uma transmissão via WhatsApp de uma oferta de emprego caracterizada como crime de injúria. Serão analisados não só dois textos noticiosos, um de cada veículo, mas também os comentários de internautas sobre tal fato. Para tal, utilizaremos as categorias de análise das reações sociodiscursivas verbais (GOMES, no prelo.), dos significados representacionais e identificacionais (FAIRCLOUGH, 2003) entrecruzados aos estudos interseccionais (AKOTIRENE, 2019;CRENSHAW, 2002CRENSHAW, , 2004NASH, 2008). Nossa análise permitiu observar que a violência verbal se produz constitutivamente de sistemas de opressão racistas e gordofóbicos, reproduzindo relações excludentes de poder que regulam os corpos, ratificando o privilégio, muitas vezes, opaco e naturalizado, do corpo branco e magro. Palavras-chave: violência verbal; estudos interseccionais; ADC; reações sociodiscursivas verbais.