“…De uma forma geral, alguns elementos destacam-se na construção da transexualidade: 1. as discussões e as investigações em torno da intersexualidade: foi a partir de inúmeros casos e intervenções clínicas com indivíduos intersexuais que a clínica da transexualidade começou a ser definida e especificada; 2. a obra de Hirschfeld Die travestiten, publicada em 1910, na qual se encontra a primeira referência ao termo transexual; 3. a consolidação, a partir do final da 2ª Guerra Mundial, da definição e das explicações sobre a transexualidade: o termo "Transexualismo" foi cunhado, inicialmente, por Cauldwell, em 1949, no artigo "Psychopatia transexualis" (Castel, 2001;Arán, 2006); 4. a documentação e a publicização, em 1952, da primeira cirurgia para adequação do sexo na cidade de Copenhague, Dinamarca: o ex-soldado americano Georges Jorgensen passou a ser Cristine, o marco da transexualidade enquanto um fenômeno para além dos espaços medicalizados e dos meios científicos (Bento, 2006(Bento, , 2008Lima, 2011;Frignet, 2002;Ramsey, 1998;Vieira, 1996;Castel, 2001); e 5. as pesquisas e os trabalhos de Harry Benjamin, médico endocrinologista importante, que publicou em 1953 a obra O Fenômeno Transexual. John Money e Robert Stoller foram fundamentais no delineamento das transexualidades como um objeto com diagnóstico próprio -um transtorno e/ou uma disforia de gênero -e uma condução terapêutica que passava pelos processos de hormonização e intervenções cirúrgicas.…”