A decisão de participar do processo seletivo do mestrado se deu de forma repentina, o que não era muito comum para mim. Me vi tendo que decidir, a poucas semanas do início do processo, o tema ao qual deveria me dedicar nos próximos dois anos. O que ocuparia minhas leituras, reflexões, pensamentos, conversas de corredores, conversas de eventos, conversas de mesas de bar. Se eu fechasse os olhos, no que eu gostaria de pensar? Para mim, as respostas eram infinitas, parecia impossível escolher. Os interesses eram muitos, mas me deixei levar pelo sensível. Apesar de ter visto pouco sobre imigração na faculdade e nunca ter pesquisado sobre, era um tema que me tocava. Como migrante que está há 6 anos longe de onde nasceu. E como ser humano -filha de antropólogo -que refletia muito sobre vivências e identidades. Que buscava entender os porquês dos problemas das diferenças. A escolha da tolerância foi quase aleatória, vi na estante de casa o livro "A Intolerância" e achei que era uma palavra que explicaria bem as relações entre imigrantes e Estados. E descobri um universo teórico que se abria para mim, o que acabou sendo um encontro bonito. Grata pela aleatoriedade do universo, ou pelos desejos inconscientes.Nesses dois anos, que acabaram se tornando dois anos e meio, o caminho não foi apenas acadêmico. Foi de amadurecimento. Do meu entendimento subjetivo. E muito do que pesquisei me ajudava a entender o mundo que estava na minha frente. Acredito que é para isso que uma pesquisa de ciências sociais também deve servir. Durante esse processo, fui marcada por pessoas muito especiais a quem tenho o prazer de agradecer.Primeiramente, agradeço a quem sempre esteve comigo, sempre me apoiou e muito me influenciou: meus pais, Jarbas e Márcia, e minha irmã, Milena. Os últimos dois anos foram de mudanças familiares, novos encontros, reaprendizados. Voltei para a casa dos meus pais e, no momento seguinte, me vi morando sozinha com minha irmã de 15 anos. O apoio à minha dedicação acadêmica se manteve intacto. Obrigada por se preocuparem, se interessarem, lembrarem de mim quando viam algo que poderia ser útil e serem sempre união. A escolha pelo PPGRI San Tiago Dantas representava manter certas raízes pelas quais eu já era muito grata durante a graduação. Naquele momento, em que mudava de cidade, encerrava um ciclo e iniciava outro, certa familiaridade me faria bem. Eram professores, narrativas e modos de pensar já conhecidos. Como a alegria de reencontrar o professor Samuel, coordenador do programa, sempre emanando carinho e confiança. O sentimento de acolhida se deve também a três pessoas muito especiais que fazem o San Tiago Dantas ser o que é: Isa, Gi e Grazi. Mesmo que não as conhecesse antes, o sentimento de familiaridade se manteve, pela atenção que elas sempre dedicaram a todos. Meu orientador também era uma novidade para mim, apesar de já tê-lo conhecido durante a entrevista do processo seletivo. E foi uma grata surpresa. Obrigada, Andrei. Por levantar as questões nos momentos em que precisei que fossem levantadas. Por guiar m...