Na transformação social atual, as relações humanas se concretizam em nível sempre mais abstrato: a abstração é sempre mais concreta, a concretude, mais abstrata, "vir-tual". Raiz do fenômeno: ligação entre rela-ções humanas concretas (economia monetá-ria) e processo mental organizado, sistema-tizado (abstração elevada e controlada). A economia separa-se dos outros aspectos da vida. Na mundialização financeira, tais ca-racterísticas alcançam as últimas (?) conse-qüências. O processo milenar pode-se sin-tetizar:-juro (Hammurabi, séc. XVII a.C. e antes)-moeda (séc. VIII a.C.)-capital (da Idade Média à Moderna). O capitalis-mo:-comercial (mercantilismo)-produ-tivo-financeiro. Seqüência não linear: não há retas entre sobressaltos e contradições. Roda em círculo e acaba onde começou: do juro ao capital financeiro. Mundializa-ção: volta a Hammurabi. Palavras-chave: abstração, capital (forma-ção), economia e ciência, financeirização, ciência e moeda. ABSTRACT In the actual social transformation human relations become concrete through abstraction. Abstraction is more concrete, concre-teness more abstract, "virtual". Root of this phenomenon: some tie between monetary economy (concrete human relations) and organized mental process (higher, controlled abstraction). Economy is separated from other aspects oflife. In financial mundiali-zation such characteristics reach their final (?) consequences. The millenary process in synthesis:-interest rate (Hammurabi, XVII cent. B.C. and before)-money (8 th cent. B.C.)-capital (from the Middle Ages to the Modern Era). Capitalism:-commercial (mercantilism)-productive-financial. A non linear sequence: there are no straight lines with shocks and contradictions. The stages end up in a circle where they started: from interest to financial capital. Mundiali-zation: return to Hammurabi. Muitas são as facetas que apresenta hoje o mundo em transformação. Uma é constituída pelo nível progressivamente abstrato em que se con-cretizam as relações humanas: a abstração torna-se sempre mais concre-ta, tanto assim que o nosso dia-a-dia prático está cada vez mais composto de "virtualidades". Vivemos uma concretude sempre mais abs-trata (ou, por outro lado, uma abstração sempre mais concreta), haja vista a difusão do "virtual", que se tomou um aspecto dos mais palpáveis e fa-miliares na realidade. Foi este fenômeno que emprestou, inclusive, ao história econômica & história de empresas IX.1 (2006), 7-22 I 7