“…O universo das investigações, cujos resultados descritivos e analíticos serão apresentados nesta obra, abrange dois grupos de textos, 7 Uma consequência da abordagem linguístico-discursiva, baseada na adoção de uma perspectiva em que a produção e atribuição de sentidos se dão nas diferentes articulações entre os elementos da língua e as práticas sociais (orais e letradas), é que, nessa perspectiva, fala e escrita são reconhecidas como atos enunciativos cuja materialidade linguística resulta da inserção do falante em determinada(s) prática(s) de oralidade e de letramento, respectivamente, enquanto prática(s) discursiva(s). Resulta daí que fala e oralidade não são tomadas como sinônimas, assim como também não o são escrita e letramento: enquanto a fala e a escrita correspondem a atos enunciativos concretos, em que emergem produtos linguísticos (sob a forma de enunciados) de uma prática de oralidade e de uma prática de letramento, respectivamente, a oralidade e o letramento correspondem à diversidade dessas práticas discursivas que regulam a produção e a circulação dos enunciados falados e escritos (Chacon, 2021). A consequência última da adoção dessa perspectiva é a aceitação, conforme Chacon (2021), de que a constituição como falante e como escrevente do sujeito pela linguagem se dá pelo seu atravessamento simultâneo por diferentes práticas de oralidade e de letramento e de que, portanto, o produto linguístico dessas práticas, nos enunciados falados e escritos (com especial atenção, neste livro, para os escritos), jamais é puro, ou seja, fala e escrita seriam constitutivamente heterogêneas (Corrêa, 2004).…”