Eu sou como você: reflexões sobre a formação e práticas em nutrição a partir de blogs de aceitação do corpo gordo I am like you: reflections on education and practices in nutrition from fat body acceptance blogs Resumo O objetivo do estudo foi problematizar o modelo de formação de profissionais de saúde, em especial de nutricionistas, a partir de experiências de vida relatadas em blogs desenvolvidos por e para mulheres acima do peso, segundo o modelo biomédico. Os conteúdos foram abordados pela perspectiva da análise de conteúdo, segundo os critérios de leitura e interpretação propostos por Bardin. Nos blogs, o preconceito é confrontado pelas autoras, sendo o corpo feminino "em excesso" apresentado como "belo e saudável", e é estimulada a não sujeição à pressão social. O processo de aceitação do corpo gordo pelas mulheres parece acontecer em duas etapas: a primeira, marcada pela dificuldade em alcançar o corpo padrão hegemônico; e na posterior, elas assumem sua condição corporal, acompanhada de uma postura de enfrentamento à estigmatização. Os blogs abrem uma frente discursiva, que se coloca de maneira responsiva diante de uma cultura que estabelece o corpo magro como única forma de constituir as subjetividades femininas. Ser saudável e obeso é um paradoxo na atuação do nutricionista, que, pautada no modelo de promoção da saúde, reproduz o discurso do risco e, consequentemente, a estigmatização social da gordura. Consideramos que a conduta nutricional não pode reforçar a medicalização da vida, devendo o cuidado se subordinar à subjetividade da pessoa e não o contrário, isso porque em anuência com o disposto no material empírico, gordura "não é impedimento" para o sucesso e "não é sinônimo" de infelicidade ou doença.
Palavras
AbstractThe objective of the present study was to discuss the training model of health professionals, particularly for nutritionists, from the perspective of life experiences reported in blogs by and for women considered overweight according to the biomedical model. The blogs were analyzed from the content analysis perspective, based on the reading and interpretation criteria proposed by Bardin. Prejudice is discussed in the blogs, and the "excess" female body is seen as something "beautiful and healthy". In addition, the non-subjection to social pressure is encouraged. Acceptance of bodies considered fat is a two-stage process: the first stage is marked by difficulties achieving the hegemonic body standard and the second by an acceptance by women of their bodies and adoption of an attitude against stigmatization. The blogs create a space for discussion in response to a culture that considers the thin body as the only way to materialize feminine subjectivities. Being healthy and obese is a paradox in the training of the nutritionist, who, based on the model of health promotion, reproduces the discourse of risk and, consequently, the social stigmatization of fat. Nutritional behavior cannot strengthen the medicalization of life. The form of care is what must be subordinated to the subjectivi...