A permeabilidade social das carreiras do ensino superior

Abstract

Este artigo propõe-se a analisar as diferenças entre cursos pertencentes a três áreas de conhecimento (ciências biológicas, exatas e humanas) quanto à sua capacidade para oferecer maior igualdade de oportunidades no momento de expansão e diversificação do ensino superior brasileiro. O estudo foi realizado a partir dos microdados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), combinando a nota geral da prova às respostas do questionário socioeconômico dos alunos, de forma a avaliar as associações entre o financiamento dos estudos de graduação e o desempenho e permanência nos diferentes cursos. Ao mesmo tempo em que os resultados confirmam as diferenças entre as áreas de conhecimento, também indicam a importância desses mecanismos de custeio das despesas para a finalização dos cursos. Verificam-se diferenças significativas em cada curso quanto ao desempenho associado a cada tipo de bolsa e de financiamento.

Análise comparativa da base social da Medicina e Enfermagem no Brasil entre os anos de 2000 e 2010

“…Ao lado de carreiras como Geografia, História, Pedagogia, Fisioterapia, Administração, entre outras, apresentou um perfil dependente do setor privado, com altos níveis de desperdício de vagas e abandono dos cursos e que recebe um alunado, em sua maioria, proveniente de estratos sociais de baixa renda em busca de ascensão social. Já a Medicina pode ser localizada junto à Arquitetura, Engenharias e Direito, perfazendo um perfil próximo de universidades públicas, com altos níveis de aproveitamento das vagas e eficiência terminal da formação e que atraem estudantes de origem em estratos sociais de alta renda em busca de carreiras prestigiadas 15,16,17 .…”

Regional development and engineering education: an analysis of Brazil’s micro-regional scenario

“…Studies concerned about the quality and quantity of graduates concluding their graduation courses in Brazil focus primarily on the National Exam of Student Performance (ENADE) grade, as seen in Barbosa & Santos (2011), Andrade (2011), Pederneiras et al (2011) among others. The result from ENADE evaluates graduation students in a grade from 1 to 5, with 5 being the highest score.…”

A Política De Assistência Estudantil Da Uff Em Duas Faces: A Institucionalidade Dos Processos E as Perspectivas Da Demanda Estudantil

“…Para aqueles cujas trajetórias de vida são marcadas por fragilidade e precariedade de recursos, neste caso, daqueles que buscam as bolsas assistenciais como meio de permanência universitária, do que uma atuação voltada para responder com eficiência, impessoalidade ou outra característica identificada nas organizações burocráticas (Motta & Pereira, 1980 Vale notar que, em dados como a frequência escolar líquida, ou seja, a proporção de pessoas de determinada faixa etária que frequenta o nível escolar adequado, vemos que as mulheres pretas e pardas na faixa etária entre 18 e 24 anos, idade considerada mais adequada para o ensino superior, vêm ampliando sua presença neste nível de ensino ao longo dos últimos anos. Observamos, através do Censo Demográfico (Brasil, 2000; (Silva, 2006;Vargas, 2008;Moreira, 2010;Barbosa & Santos, 2011; dentre outros). Silva (Idem) observou que, no caso da UFF, o ingresso nas carreiras mais concorridas, Medicina, Direito e Engenharias se elevava proporcionalmente à elevação da renda dos candidatos e decrescia nos cursos de baixa concorrência (Arquivologia e Biblioteconomia, por exemplo) no mesmo sentido.…”

“…Nesse sentido, os grupos sociais de elites -em virtude de suas condições sociais e do acumulado capital cultural -se mantêm como aqueles que mais acessam tanto a essas instituições em si, como às carreiras mais valorizadas socialmente (Barbosa & Santos, 2011;Ristoff, 2013). Por outro lado, aos estudantes oriundos das camadas mais pobres e dos grupos sociais mais discriminados, para ingressar nestes espaços -que funcionam como fortes reprodutores das desiguais condições de existência desfrutadas no país -são exigidos grandes esforços que se somam à necessidade de desenvolverem "estratégias" para o enfrentamento das dificuldades que se apresentam em sua permanência no curso (Portes, 2006).…”