A importância da perspectiva histórica para o pensamento social em saúde: a contribuição de Madel Luz e Emerson Merhy

Abstract

Resumo O artigo examina a obra de dois autores representativos da produção acadêmica de saúde coletiva nos anos 1970-1980: Madel Luz e Emerson Merhy. Sua produção teórica se apoiou em estudos marxistas e em Michel Foucault, dando centralidade à história. Procurou-se analisar esse aspecto, que nesses trabalhos se tornou importante para o campo da saúde coletiva, pois os autores romperam com o pensamento anterior, positivista e evolucionista, sobre saúde. Concluiu-se que, embora os autores reiterem ideias e abordagens metodológicas dos seus antecessores, eles são parte do grupo que inaugurou uma historiografia crítica no campo da saúde. O estudo de obras como essas contribui para a compreensão da relevância da historicidade na relação entre saúde coletiva, política, saber e prática.

Proposta de utilização do livro "De que morre o nosso povo?" no ensino

“…De modo que a discussão crítica a respeito do fenômeno da saúde tem sido preterida por um programa conteudista e descritivo (RUDEK & HERMEL, 2021). Aliado a isso, diversas críticas têm sido tecidas aos conceitos biologicista (BIRN et al, 2017;JENKINS et al, 2016;NAVARRO, 2020;NAVARRO & SHI, 2001) e holístico (ALBUQUERQUE & SILVA, 2014;SOUZA, 2020;SOUZA et al, 2013), enquanto se resgata o potencial crítico do conceito social de saúde para discutir a forma pela qual a estrutura econômica influencia na distribuição da saúde (ALBUQUERQUE & SILVA, 2014;LEYS, 2010;MARQUES et al, 2018;NAVARRO & SHI, 2001). Nesse sentido, uma forma de contribuir com o debate crítico sobre saúde na sala de aula é a utilização de materiais que promovam a discussão a respeito dos limites dos conceitos biologicista e holístico e, em última instância, fomentem uma compreensão social e crítica do fenômeno da saúde.…”

A gripe espanhola pela lente da história local: arquivos, memória e mitos de origem em Botucatu, SP, Brasil, 1918*

“…A desconstrução dos mitos de origem -que ocultam e dificultam a compreensão do passado -, junto com análises que dissequem peculiaridades e estratagemas em diversos pontos do estado paulista 1 (p. 48) são confrontos necessários não só para o surgimento de narrativas locais, mas também para o enfrentamento das iniquidades constitutivas de nossa formação sócio-histórica, como a desigualdade, o racismo e as diferenças regionais: "Essas permanências precisam ganhar historicidade na saúde coletiva, historicidade sem a qual o campo pode abandonar a tríade que foi fundamental para a sua própria construção: ideologia, saber e prática" 38 (p. 366).…”