A imanência como "lugar" do ensino de filosofia

Abstract

ResumoA intenção do presente artigo é pensar a problemática do ensino de filosofia a partir da obra de Deleuze e Guattari. Esses autores criaram uma série de conceitos, em seu fazer filosófico, para entender o que seria fazer filosofia, ou seja, para entender a atividade filosó-fica que se distanciasse de uma reflexão sobre alguma coisa e se fundasse em um ato de criação filosófica. Segundo os autores, existem quatro conceitos que corroboram para entender esse fazer filosófico, quais sejam: conceito, plano de imanência, personagem conceitual e problema. Tem-se como hipótese que tais conceitos podem contribuir para se pensar o ensino de filosofia na contemporaneidade de modo diferenciado do qual vem sendo tratado. Foi dada especial atenção a um desses conceitos: plano de imanência, engendrado na última obra conjunta desses autores, O que é a filosofia? (1997). Buscou-se, na obra desses autores, a caracterização de imanência e, consecutivamente, de plano de imanência para entender como se pode pensar o ensino de filosofia de forma diferenciada e de modo tal a distanciá-lo de uma adequação conceitual a um transcendente ou a um transcendental, a qual, no entender dos autores trabalhados, levaria o conceito de ensino a um dogmatismo conceitual. A proposta deste artigo é buscar uma saída para o problema, pensando o ensino de filosofia a partir da imanência mesma na qual este se produz. Palavras-chaveEnsino de Filosofia -Filosofia e educação -Filosofia francesa contemporânea -Imanência.

Devir E Rizoma Na Sala De Aula:

“…A literatura especializada evidencia as contribuições inovadoras de Gilles Deleuze e Félix Guattari no ensino de filosofia. Gelamo (2008), enfatizando um ensino criativo e baseado na geração de conceitos, desvia-se das abordagens tradicionais centradas em temas transcendentes e propõe uma pedagogia imanente, realçando a experimentação e a criação no âmbito filosófico.…”

Cartografando poéticas da docência em educação especial – acasos e devires em sala de aula

“…Contra essa tradição maior, Deleuze e Guattari, ampliando a teoria da linguagem para a teoria da expressão e dos agenciamentos, nos desafiam a localizar as redes de significação que formam nossas concepções de mundo, do ponto de vista ético, nos distanciam do plano metafísico e nos aproximam do plano imanente (GELAMO, 2008). Plano no qual "o contexto da vida apresenta-se como um conjunto de inter-relações -unidade e multiplicidade, conexões e heterogeneidade, rupturas e linhas de fuga invertem-se de acordo com uma cartografia incessantemente renovada" (NEGRI, 2019, p. 67).…”

Criação de conceito filosófico

“…A funcionalidade das ideias de Deleuze e Guattari para o ensino de Filosofia já vem sendo explorada por diversos autores (BIANCO, 2002;GALLINA, 2004;GALLO, 2007GALLO, , 2012GELAMO, 2008;FAVRETO, 2013;MARINHO, 2014). Especificamente quanto à criação de conceito como metodologia para o ensino de Filosofia, Silvio Gallo é pioneiro das ideias centrais e da defesa dessa prática no Brasil.…”

“…Em consonância com a criação de conceito como proposta metodológica para o ensino de Filosofia, defendida por diversos pesquisadores (BIANCO, 2002;GALLINA, 2004;GALLO, 2007GALLO, , 2012GELAMO, 2008;FAVRETO, 2013), propomos aqui uma estrutura convergente entre a proposta da criação de conceito e as atividades didáticas da sala de aula, isto é, compreendemos que, para que se efetive em sala de aula a ideia da criação de conceito, é preciso pensar em subsídios didáticos que permitam a instituição de relações de aprendizagem adequadas.…”