A escola e famílias de territórios metropolitanos de alta vulnerabilidade social: práticas educativas de mães "protagonistas"

Abstract

O artigo apresenta resultados de uma investigação que teve por objetivo explorar relações com a escola de famílias moradoras de territórios de alta vulnerabilidade social. Examina práticas educativas de um grupo de mães, aqui consideradas "protagonistas", caracterizado por realizar fortes investimentos na escolarização dos filhos, mesmo que expostas a grandes riscos sociais. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas e da observação das famílias, moradoras na periferia da Zona Leste de São Paulo. A análise foi realizada por retratos sociológicos. As conclusões mostram que as mães empreendem alguns esforços, entre outros, para a escolha do estabelecimento de ensino, o acompanhamento da rotina escolar e do dever de casa e o controle das interações sociais dos filhos com o território.

Meanings and attitudes regarding education and household spending priorities of the new middle-class families in Brazil

“…They had grown up seeing friends and relatives crossing the line and ending up getting killed or imprisoned. These findings are consistent with those of Lomonaco and Garrafa (2009) and Carvalho-Silva et al. (2014).…”

“…Quality of education, such as pedagogical content and learning experiences, was secondary in parents’ school choice. Similarly, two studies involving mothers who live in Brazilian favelas show how they prohibit their children from playing in the streets, and how they value the school as a violence-free space (Carvalho-Silva et al., 2014; Lomonaco and Garrafa, 2009).…”

A dimensão educativa da luta de mulheres por moradia no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de São Paulo

“…Para além das dificuldades financeiras e da frustração de não poder estudar, Rosa, assim como outras depoentes, atribui importante valor à educação familiar, na maioria das vezes avaliada como rígida, mas fonte de aprendizagem de princípios voltados para a honestidade e o trabalho honesto como um modo de vida a ser preservado. Essa camada da sociedade constituída pelos pobres honestos é justamente aquela que se sujeita ao trabalho intenso, quase escravo, muito pouco remunerado, já que é prisioneira da necessidade imediata de sobrevivência e dedica todos seus esforços para viver o presente o que nega qualquer perspectiva de futuro, mas que ao mesmo tempo busca dar conta do processo de transmissão dos princípios necessários a uma conduta moral que seja reconhecida (SOUZA, 2009;SARTI, 2011 Os conselhos ou exemplos recebidos na infância, a proteção dispensada pelos familiares em relação aos "perigos da rua", local onde se tem contato "com o que não presta", e o apreço pelo trabalho e a honestidade, parecem se configurar como fortes aprendizagens na vida de Rosa (BATISTA; CARVALHO-SILVA, 2013;ALVES, 2014;LAACHER, 1990;SARTI, 2011). Contudo, a frustração de não ter podido estudar e os consequentes obstáculos enfrentados por ela em função de sua baixa escolaridade, seja frente às dificuldades de inserção no mercado de trabalho ou às atividades cotidianas de sua prática religiosa, parecem ter contribuído para sua alta valorização aos estudos escolares:…”