A etiologia da insuficiência placentária abrange muitas doenças, desde as mais comuns associadas à gestação, como a hipertensão arterial, até as mais raras, como as trombofilias e doenças autoimunes e outras não identi-ficadas 2. As gestações que evoluem com essa anormalidade apresentam repercussões características sobre o desenvol-vimento fetal conhecidas como restrição do crescimento fetal (RCF). Essa entidade associa-se a altas taxas de mor-talidade perinatal, morbidade pós-natal e à ocorrência de sequelas neurológicas 3. Menos graves, mas, muito impor-tantes pela frequência, são os riscos que esses indivíduos subnutridos na vida intrauterina apresentam após o nasci-mento, conforme destaca a Hipótese de Barker, a qual conjectura maior incidência de doenças cardiovasculares e obesidade na vida adulta 1,3. A má placentação se deve às desordens predominante-mente vasculares. Inicia-se com anormalidades vasculares em nível de vilosidades terciárias e termina com manifesta-ções cardíacas multivasculares fetais bastante característicss 5. Isso enrobustece a importância da aferição do fluxo sanguí-neo nos vasos dos compartimentos mais envolvidos na gestação, dando amplos motivos e soberania ao uso da dopplervelocimetria para o diagnóstico e o seguimento de pacientes com gestações acometidas pela intercorrência em tela. Em virtude de possibilitar grande incremento de informações, muito úteis ao manejo clínico, houve rápida incorporação dessa ferramenta à prática, culminando com o conhecimento atual da sequência de alterações acarretadas pela progressão da falência placentária e déficit na oxigenação fetal 1,5. A insuficiência placentária de instalação muito precoce, invariavelmente grave, gera recém-nascidos muito vulne-ráveis, dependentes de cuidados altamente especializados, de níveis terciários. A propósito disso, interessa mencionar que com a possibilidade de se aferir a intensidade, a cronologia e a velocidade de instalação das lesões placen-tárias com o auxílio da dopplervelocimetria, como novida-de, Turan et al. (2008) 5 propõem a classificação da insufici-ência placentária em três níveis, segundo ordem progres-siva de gravidade: a) Insuficiência placentária leve, que é típica de terceiro trimes-tre, tendo início, em média, com 33 semanas de gestação, e o parto com 35 semanas de gestação; b) Disfunção placentária progressiva, que se inicia com aproxi-madamente 29 semanas e o parto ocorre, em média, com 33 semanas; c) Insuficiência placentária grave de início precoce, que surge, em média, com 27 semanas e o parto ocorre entre 30 e 31 semanas. Por outro lado, com base em vários estudos recentes, cita-se, a seguir, a sequência de alterações dopplervelocimétricas relacionadas à deterioração placentária e ao déficit de oferta de oxigênio ao feto 1, 2, 5. 1) Elevação dos índices dopplervelocimétricos das artérias umbilicais (AU); 2) Redução da relação entre índices das AU/artéria cerebral média; 3) Diástole zero (DZ) nas AU; 4) Diástole reversa (DR) nas AU; 5) Ducto venoso (DV) anormal; 6) Pulsação da veia umbilical...