Psicoterapia, Raça E Racismo No Contexto Brasileiro: Experiências E Percepções De Mulheres Negras

Abstract

A crença na democracia racial brasileira vem sendo desconstruída por vários índices de desigualdade social e de vitimização pela violência. Ainda que mais de 50% da população do país seja negra, a produção científica brasileira relativa a racismo e saúde mental não é significativa. O tema das relações raciais é, em geral, invisibilizado dentro das ciências psi. Esta situação desperta a pergunta sobre como essa parcela da população é servida no sistema de saúde mental, especificamente na clínica psicológica de atendimento a clientes negros/as. O objetivo deste trabalho foi coletar narrativas de pessoas negras atendidas por psicoterapeutas brancos/as, sobre suas vivências de racismo no cotidiano e sobre como se deu a escuta na terapia em díade birracial. Sete mulheres participaram do estudo. Foram identificadas quatro categorias temáticas: (1) razão para buscar psicoterapia; (2) processo psicoterapêutico; (3) fatores terapêuticos coadjuvantes, e, (4) formação do(a) psicoterapeuta para atender pessoas negras. Os temas mais importantes, apresentados por todas as entrevistadas, foram a transferência inter-racial no processo terapêutico e a falta de formação do(a) psicoterapeuta para atender clientes negros/as.

“Não Tenho Filhos e Não Quero”: Questões Subjetivas Implicadas na Opção pela Não Maternidade

“…Outro aspecto importante de discordância em relação aos ideais e padrões de gênero diz respeito a questões estéticas, sobretudo relacionadas ao cabelo e ao corpo (peso). O sofrimento por estar fora do padrão foi ainda mais intensificado no caso das mulheres negras, por já não cumprirem o ideal de branquitude tão presente em um país racista como o Brasil (Gouveia & Zanello, 2019). P8 (negra, heterossexual) relatou:…”

Dispositivos de subjetivação e sofrimento das mulheres

“…Entretanto, dores, alegrias, desejos e inquietações por vezes se manifestam de forma semelhante em diferentes sujeitos. Em países marcados por profundas desigualdades sociais, tais como o sexismo e o racismo, algumas formas de sofrimento se repetem, ainda que com singularidades, pois são configuradas por acentuadas violências estruturais (ALMEIDA, 2019;GOUVEIA;WINDMOLLER;ZANELLO, 2018;ZANELLO;SILVA, 2012).…”

MENINO 111 DO SOLO A(O)FRONTE: Dançovivências em um Estado que extermina a juventude negra

“…Ser soberano é exercer controle sobre a mortalidade e definir a vida como a implantação e manifestação de poder." (MBEMBE, p. 05) Mbembe, filósofo camaronês, nos lembra em seu livro "Necropolítica" (2018) que Michel Foucault em suas elaborações sobre "biopoder" estava como fora citado acima, preocupado com os dispositivos do Estado e de seu braço armado, de fazer viver e deixar morrer. "Na economia do biopoder, a função do racismo é regular a distribuição da morte e tornar possíveis as funções assassinas do Estado."…”

“…-A GENTE COMBINAMOS DE NÃO MORRER! (EVARISTO, 2014, p. 99, grifo Junto dos espetáculos citados busco pincelar possibilidades de pensarmos as masculinidades negras como plural, relacional e, como diria Vigoya (2018,25), noção que "não é atributo dos homens", mas atribuída a eles e à serviço da manutenção do patriarcado, da misoginia, das relações colono-escravocratas de poder e de construção pela diferença do que se espera da performance feminina de gênero.…”

“…A coreografia em homenagem apaixonada à clássica cena Steam Heat, do primeiro musical de Bob Fosse, The Pajama Game(1954). Ao som de "Smile"(2018) interpretada por Djavan, diria que a citação acima ressalta mais uma característica intrínseca ao Jazz, ou seja, a capacidade de fazer rir quando só deveria chorar.…”