“…Reside em compreender as plataformas digitais como um novo meio poderoso pelo qual as relações de trabalho vêm se reestruturando, sem, entretanto, incorrer em um determinismo tecnológico que mistifique os processos sociais que envolvem décadas de flexibilização e transformação no trabalho, e que se materializam nas plataformas digitais, embora de forma obscura. Com base nessa perspectiva, o desafio também reside na compreensão de uma tendência que precede e ultrapassa as plataformas digitais, relacionada ao elemento central da uberização, qual seja, a consolidação e gerenciamento de multidões de trabalhadores como trabalhadores just-in-time (Abílio, 2017(Abílio, , 2020aDe Stefano, 2016;Berg, 2016). Essa condição do trabalho sob demanda envolve um novo tipo generalizável de remuneração por peça (Lehdonvirta, 2018) que conserva sua centralidade nas formas de exploração capitalistas (Marx, 2012), mas atualiza seus elementos, demandando a compreensão das permanências, transformações e tendências que se desenham no presente ou como futuro possível e provável do trabalho.…”