“…Para referir-se a esses últimos, popularizou-se a alcunha de "nem-nem", designação que obscurece um conjunto de condicionantes sociais, 11 ao mesmo tempo em que ilumina as tensões de uma transição inacabada (ou inacabável, como argumentarei no próximo capítulo). manto de uma aparente -e somente aparente, como veremos a seguir -vinculação estável e segura com o ambiente de estudo e/ou o local de trabalho, reside uma miríade de condições11 Para aprofundar sobre as complexidades da categoria "nem-nem", ver Cardoso (2013), Menezes Filho, Cabanas e Komatsu (2013),Simões (2013), Costa e Ulyssea (2014), Tillmann e Comim(2016),Afonso (2018), Shirasu e Arraes (2019),Rocha et al (2020).até cinco anos pós-conclusão da educação básica, número que faz com que Brasília esteja entre os cinco municípios de grande porte com as maiores taxas de transição médio-superior (vide Tabela 20 do Anexo A) e na liderança entre as capitais e municípios metropolitanos.Portanto, ao abordar os jovens brasilienses em busca de uma vaga no nível superior, estamos falando de uma população que vivencia as maiores oportunidades de acesso às universidades e faculdades no Brasil, em comparação às outras unidades federativas. Ao menos nesse tópico, esses jovens experimentaram o espaço-tempo mais inclusivo da história nacional.Longe de descreditar o objeto desta pesquisa, essa constatação, pelo contrário, torna mais instigante a percepção dos limites e contradições da ampliação do acesso ao ensino superior em nosso país -o lado obscuro da expansão.…”