A Lei de Cotas e o acesso à Universidade Federal de Alfenas por estudantes pertencentes a grupos sub-representados

Abstract

Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa que buscou compreender o alcance da Lei de Cotas na Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), com base na análise de dados de estudantes ingressantes em 2018. Esse alcance foi medido pela taxa de ocupação das vagas destinadas a estudantes público-alvo da Lei de Cotas e por simulações quanto a um possível cenário de como as vagas seriam ocupadas na ausência dessa ação afirmativa. Os resultados mostram que as vagas destinadas a estudantes público-alvo da Lei de Cotas não foram preenchidas em sua totalidade, apresentando menores taxas de ocupação nas categorias reservadas para aqueles egressos da rede pública de ensino autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Ademais, as simulações realizadas evidenciam que, sem a Lei de Cotas, estes últimos teriam sido os estudantes menos incluídos nessa universidade em 2018, principalmente aqueles com renda per capita inferior a 1,5 salário mínimo. O estudo reforça a importância da manutenção da Lei de Cotas e aponta para a necessidade de que se desenvolvam ações institucionais para ampliar a abrangência do processo seletivo da instituição para um maior contingente de estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas.

Sistema de ingresso e a relação com acesso, permanência e conclusão de estudantes do Curso Técnico em Enfermagem do Instituto Federal de Santa Catarina

“…Todavia, mesmo diante da expansão no número de vagas e do sistema de cotas, o acesso ao ensino ainda não ocorre de modo equitativo, social e racialmente 14 . Pois, o acesso e a permanência são categorias que devem ser analisadas em conjunto, uma vez que "se não há políticas de acesso essas(es) estudantes não rompem com as assimetrias do ingresso.…”

“…Parece haver maior dificuldades dos estudantes que ingressam por sorteio em se manterem no curso. O ensino médio no Brasil, tem apresentado ensino propedêutico precário, destinado majoritariamente para a classe trabalhadora, o que leva em grande medida a educação profissional e tecnológica de qualidade, ofertada pela Rede Federal, a ser usufruída muitas vezes pelos jovens da classe média 14 . No ensino médio técnico da Rede Federal os jovens encontram uma educação integral que possibilita um futuro ingresso no mundo do trabalho e a continuidade dos estudos em nível superior 15 .…”

Interfaces entre racismo e Odontologia – necessidade de reconhecer para mudar

“…Lopes, Silva e Ferreira (2021) 23 , em um estudo envolvendo a envolvendo a Universidade Federal de Alfenas, realizaram uma simulação acerca do ingresso de estudantes negros, caso não houvesse o sistema de ações afirmativas e reserva de vagas para essa população, e concluíram que na área de Ciências Biológicas e da Saúde, a maior parte dos estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas da rede pública que se candidataram nessas áreas não teria ingressado sem a Lei de Cotas 24 , resultado que fica ainda mais acentuado quando a autodeclaração racial e a renda se interceptam. Dados como esse reforçam a importância das políticas de ações afirmativas no âmbito das universidades.…”

Das modelagens do ser: processos educacionais na educação básica, técnica e tecnológica e as competências socioemocionais na pandemia

“…O acesso ao ensino superior por meio da Lei de Cotas é fato, no entanto é necessário desenvolver ações institucionais para manutenção destes grupos para um maior acesso durante e após o processo seletivo, de modo que o número de evasão diminui no percurso da formação (CAVALCANTI et al, 2019;LOPES et al, 2021;VALÈRIO et al, 2021). Seria necessário, portanto, articulações para manutenção dos discentes, sendo estes auxílios e projetos direcionados e/ou exclusivos aos discentes de ação afirmativa a fim de não reproduzir desigualdades (KARRUZ; MELLO, 2021).…”

“…A mediação por recursos digitais no percurso do ensino e aprendizagem, treinamentos e webinars foram muito utilizados no percurso da pandemia (SILVA et al, 2021;NASCIMENTO et al, 2022;PACHECO et al, 2022;NEVES et al, 2021), e ainda que com algumas limitações foi possível desenvolver espaços de diálogos com lideranças indígenas aldeadas (CASTRO et al, 2020). As limitações foram de estabilidade, acesso e habilidade, principalmente nos primeiros meses da pandemia (CASTRO et al, 2020;NEVES et al, 2021).…”