Neste artigo procuraremos apresentar uma leitura da ontologia do acidente de Catherine Malabou, em interface com os conceitos filosóficos de afirmação da vida, ser no mundo e normatividade vital, tomando, respectivamente, como suas referências principais, as obras de Nietzsche, Merleau-Ponty e George Canguilhem. Consideraremos que a deficiência, seja ela adquirida, congênita e/ou hereditária, pode ser uma oportunidade para o amor incondicional do nosso destino, apesar dos múltiplos acidentes que, como nos mostra Malabou, submetem-nos diante de uma plasticidade ontológica sem precedentes. Para defender essa ideia, apresentaremos o caso clínico de “O Pintor Daltônico” de Oliver Sacks, na tentativa de tomá-lo como um genuíno e possível exemplo de uma nova normatividade de vida e da aquisição de uma Grande Saúde.