Violência urbana e saúde mental: desafios de uma nova agenda?

Abstract

Resumo O fenômeno da violência produz impactos importantes para o setor saúde, seja como fator de agravo à população, ou como barreira de acesso aos serviços. Este artigo é uma nota preliminar de pesquisa exploratória qualitativa. Faz uma revisão sucinta da literatura sobre violência urbana e agravos psicossociais, descreve e analisa o desenvolvimento das ações de saúde mental do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), num contexto de violência. Conclui que, apesar das limitações, a iniciativa do NASF mostra-se valiosa, como vetor de cuidado à população e aos profissionais de atenção primária, e articulador das estratégias psicossociais no território.

Estratégias de gerenciamento na Atenção Primária à Saúde em territórios de vulnerabilidade social expostos à violência

“…This fact is consistent with studies which deal with urban violence and more critical confrontation situations and reveal different meanings and their consequences related to social construction, temporal and spatial demarcations. Circumstances in which the rules imposed by the factions compromise the actions of the health teams in their access to homes and the population to the BHU (6,15) .…”

“…The phenomenon affects an average of one in two professionals worldwide; in addition, 25% of violent acts at work occur in the health sector (5) . However, violence does not only impact professionals, but directly on the quality of services offered to the population, whether in their access to services or in the practice of health professionals (5)(6) .…”

Violência sofrida por enfermeiros do atendimento pré-hospitalar em áreas de risco ou conflito urbano

“…Diariamente, confrontos armados, assaltos, números de vítimas baleadas e mortas ganham visibilidade pelas manifestações populares, pela cobertura da imprensa e por dados apresentados em aplicativos (Machado, Daher, Teixeira & Acioli, 2016). Porém, uma dimensão pouco discutida nos estudos da área de saúde trata-se das consequências da violência no cotidiano dos moradores que necessitam de atendimentos emergenciais e dos medos enfrentados pelos trabalhadores da saúde, em particular, enfermeiros e socorristas que desenvolvem atividades nesses locais (Gonçalves, Queiroz & Delgado, 2017).…”

Efeitos das relações socioprofissionais na prática da atenção básica em territórios violentos

“…Porém, a violência urbana e suas dimensões ainda são pouco debatidas no campo psicossocial e torna-se necessário estar atento às importantes consequências dos seus impactos na saúde mental de usuários e trabalhadores dos serviços de saúde (Gonçalves, Queiroz, & Delgado, 2017). É importante invocar as devidas reflexões sobre os territórios permeados pelo conflito armado e ocupados por equipes de Saúde da Família, a fim de descortinar os impactos causados por esses conflitos não só no processo de trabalho, mas também na perspectiva da saúde desses trabalhadores que ali desenvolvem suas atividades, buscando assim um novo olhar para reduzir os hiatos desta problemática (Santos, 2018).…”

“…Corroborando com esse pensamento, Gonçalves et al (2017) destacam que referente aos profissionais de atenção primária, a frequência diária no território representa um fator de proteção, na medida em que passam a ser conhecidos pela comunidade, e um fator de risco, por conta da maior exposição ao cenário de violência.…”