A teoria marxista da dependência: papel e lugar das ciências sociais da Universidade de Brasília

Abstract

Resumo: Propõe-se, neste artigo, analisar a contribuição da produção social de quatro intelectuais que trabalharam nos primórdios da Universidade de Brasília com relação à teoria marxista da dependência. São utilizados textos e memoriais produzidos à época e duas entrevistas realizadas recentemente, além da bibliografia sobre o assunto. Encontrou-se evidência de que a Universidade de Brasília foi lugar de embate teórico travado entre funcionalismo e marxismo, da necessidade de fundamentar a produção analítica dos intelectuais com o aporte metodológico e teórico do marxismo, da realização da crítica sobre a concepção da relação entre países que fazem parte do sistema mundial como desenvolvidos e subdesenvolvidos, sem com isso envolver uma relação de exploração, embora se tenha encontrado nos textos referências e raízes de elementos da teoria da dependência, tal como o mecanismo da exploração redobrada pela burguesia nacional e pelo capital internacional. O artigo destaca a formação militante de pelo menos três dos quatro intelectuais nas fileiras da Organização Revolucionária Marxista -Política Operária (Polop) e sua influência sobre a atuação política e a necessidade da revolução socialista.Palavras-chave: teoria marxista da dependência, desenvolvimento, subdesenvolvimento, império, Universidade de Brasília.

The Diffusion and Circulation of Marxism in the Periphery: Mariátegui and Dependency Theory

“…Once asphyxiated by the nationalism of the APRA and dogmatic Marxism (from the Stalinists to the Shining Path), a prisoner of its "isms" and party and state orthodoxies, Mariátegui's arsenal became an expression of the possibilities of a socialism and a Marxism as a scientific-ethical critique of dependent capitalism, a political program of anticapitalist action, and a project of an alternative economic, social, and political system far from any positivism, determinism, and evolutionary influence of history (Mazzeo, 2013: 189). Not coincidentally, it was a new generation of researchers linked intellectually and politically to the Marxist theory of dependency that more recently had been looking for theoretical foundations to ratify "Mariátegui's anticipation in relation to the theory of dependency" (see Martins, 2011;Seabra, 2016).…”

Theotonio Dos Santos: o Intelectual Revolucionário, Pioneiro da Teoria da Dependência

“…Enquanto concluía sua tese de mestrado, Dos Santos também se tornou professor em tempo parcial na universidade. Ele se lembra da universidade como "uma experiência extremamente rica no campo pedagógico, mas também pelo contato com o que havia de mais ousado na intelectualidade brasileira" (apud DAL ROSSO;SEABRA, 2016SEABRA, , p. 1036. Ele elogia seu "ambiente magnífico de ensino e aprendizagem" e lamenta que o projeto inovador de Ribeiro tenha sido "em grande parte destruído após 1964 pela ditadura militar" (DOS SANTOS, 2005a, p. 91).…”

“…DosSantos lembraria mais tarde: "Foi na UnB também que conheci André Gunder Frank e iniciamos sistematicamente uma colaboração de décadas com Ruy Mauro Marini, que junto com Vânia Bambirra, minha então esposa, formamos um trio polemizado no mundo inteiro" (apud DALROSSO;SEABRA, 2016 SEABRA, , p. 1036 SEABRA, -1037.…”

Theotonio Dos Santos (1936–2018): The Revolutionary Intellectual Who Pioneered Dependency Theory

“…While completing his master's thesis, Dos Santos also became a part‐time lecturer at the university. He recalls the university with fondness as ‘an extremely rich experience in the pedagogical field, but also by the contact with the most daring of the Brazilian intelligentsia’ (quoted in Dal Rosso and Seabra, : 1036). He praises its ‘magnificent environment for teaching and learning’ and laments that Ribeiro's innovative project was ‘in great part destroyed after 1964 by the military dictatorship’ (Dos Santos, : 91).…”

“…It is possible that his years at Brasilia (1963–64), being in the midst of a progressive university, played a role in the development of some of Frank's ideas for his path‐breaking critical analysis of the sociology of modernization (Frank, 1967/1972). Dos Santos would later reminisce: ‘It was at the University of Brasilia also that I met André Gunder Frank and we systematically started a collaboration of decades with Ruy Mauro Marini; along with my then wife Vânia Bambirra, we formed a polemical trio worldwide’ (quoted in Dal Rosso and Seabra, : 1036–37).…”