“Ódio eterno ao futebol moderno”: poder, dominação e resistência nas arquibancadas dos estádios da cidade de São Paulo

Abstract

Resumo: Este artigo explora as contradições e os conflitos vivenciados no futebol brasileiro contemporâneo, tendo por base a dinâmica associativa de determinadas vanguardas de torcedores contra transformações econômicas, sociais e arquitetônicas observadas no espaço dos estádios e na administração dos clubes. Essas vanguardas dividem-se basicamente em dois grupos: setores das tradicionais torcidas organizadas (TOs), que procuram fazer frente ao processo de criminalização do torcer e de exclusão econômico-jurídica das arquibancadas, efeito, entre outros, da conversão dos estádios em arenas multiúso, e integrantes de “coletivos” de torcedores. Em sua maioria, esse segundo segmento de torcedores não pertence às TOs e apresenta uma característica mais explícita de atuação política à esquerda, com incorporação de bandeiras e de questões coletivas mais amplas, como a luta contra o racismo e a defesa da igualdade de gênero no futebol. Nesse sentido, o texto chega à conclusão de que formas de resistência vêm sendo articuladas entre determinadas franjas de torcedores de futebol nos últimos anos, conseguindo esboçar representações e práticas de defesa dos direitos futebolísticos. Sem embargo, essa espécie de protoconsciência torcedora encontra-se ainda dispersa em uma miríade de subgrupos que encontra até o momento dificuldades concretas de canalizar e de vocalizar, de maneira unificada, suas bandeiras de contestação.

Are ethnography and participant observation the same? How to work with a constitutively heterodox methodology

“…Há um movimento difuso, genericamente denominado "Ódio ao Futebol Moderno" composto por torcedores ligados ou não a torcidas organizadas e agremiações do gênero, que criticam o modo como o futebol tem se organizado atualmente, sobretudo o processo de mercantilização e elitização social verificado nas últimas décadas (Lopes & Hollanda, 2018) 9 . Estes torcedores (em sua maioria jovens), confrontando tais práticas "modernas", e evocando com certa nostalgia o "futebol de antigamente" -as expressões são nativas -buscam exaltar e vivenciar os últimos rincões da resistência onde o futebol ainda (sobre)vive.…”

A construção dos problemas sociais do futebol: análise do potencial ideológico de editoriais da folha de S. Paulo

“…Dois anos depois, vários protestos foram realizados pelo País reivindicando o impeachment da então presidenta da República, Dilma Rousseff, e responsabilizando seu partido (PT) por uma série de escândalos de corrupção, como o da Petrobrás. no ano subsequente, algumas torcidas organizadas -especialmente os Gaviões da Fiel, do Corinthians -iniciaram, dentro e fora dos estádios, uma série de protestos contra, entre outros atores, a Federação Paulista de Futebol (FPF) e a CBF, acusadas de corrupção, e contra o então presidente da Assembleia legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), acusado de fazer parte de um esquema de desvios e superfaturamento de compras de alimentos para as escolas públicas de São Paulo (lOPES;HOllAnDA, 2018).…”

Associations between sociodemographic and behavioural variables, fanaticism and aggressiveness of soccer fans

“…In some cases, fans choose to affiliate with organized crowds, that is, organizations with specified location, registration of members and rules, among other factors (Cordeiro & Silva, 2017). Organized crowds play an encouraging role in the stadiums, due to their singing and cheering, generating a unique showing at soccer matches with their colours, costumes and choreography (Gonçalves & Dutra, 2018;Lopes & Hollanda, 2018). However, it is observed that some members of these crowds abandon the main objective of cheering and supporting the team and seek recognition for their actions, in order to impose a certain "superiority" in relation to opponents through fights (Gonçalves & Dutra, 2018;Murad, 2017).…”

“…There are groups of fans who are internationally recognized for their aggressive behaviour, such as hooligans, ultras and barras bravas (Lopes & Hollanda, 2018;Murad, 2017). However, studies are more interested in investigating the aggressiveness of specific groups of fans than comparing different groups to see if aggressiveness is a predominant characteristic of one crowd type in relation to another (Knapton, Espinosa, Meier, Bäck & Bäck, 2018;Shoham, Dalakas & Lahav, 2015).…”