Teorias pecebistas e articulação dos trabalhadores rurais Em 25 de março de 1922, na região de Niterói, dissidentes do movimento anarquista dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, mobilizados pelo sucesso da revolução bolchevique e inspirados pelas diretrizes da Internacional Comunista (IC), fundaram o PCB. Em seus anos iniciais, os pecebistas defendiam que o socialismo sucederia o capitalismo, após este sofrer progressivas crises estruturais geradas por suas próprias contradições; ou seja, o socialismo só poderia ser instaurado em países com um capitalismo "desenvolvido". Uma vez que o Brasil era interpretado como uma sociedade "semifeudal", seria necessário abrir caminho para o desenvolvimento do capitalismo, por meio da revolução democráticoburguesa, para assim construir as condições necessárias à constituição da classe operária, responsável por guiar o país em direção ao socialismo. Nesse momento, os trabalhadores rurais eram considerados "prépolíticos"-ligados aos traços feudais de exploração e submetidos aos abusos dos latifundiários-e, por isso, excluídos das estratégias pecebistas (SOARES, 2011). Em 1925, no II congresso do PCB, constatou-se a necessidade de aproximação dos trabalhadores rurais. Essa constatação ancora-se nas ideias defendidas por Octávio Brandão no seu livro Agrarismo e industrialismo, em que delegou aos trabalhadores rurais e urbanos a função de superar o feudalismo e o capitalismo, ao criarem e, posteriormente, superarem a classe média (WELCH, 2010; SOARES, 2010). Em fins de 1927, após ter sido colocado na ilegalidade, o PCB resolveu renomear o Bloco Operário como Bloco Operário-Camponês (BOC) (DEL ROIO, 2007). Esse "novo" bloco foi criado com o objetivo de ser uma frente eleitoral legal, que pretendia utilizar o apoio dos trabalhadores urbanos e rurais para angariar alianças com outros partidos e aproximar