Rede de atenção em saúde mental na perspectiva dos coordenadores de serviços de saúde

Abstract

Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem qualitativa, que teve como objetivo compreender como coordenadores de serviços de saúde, envolvidos no cuidado dos sujeitos em sofrimento psíquico, percebem a organização da rede de atenção em saúde mental de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e de vinhetas nos meses de abril e maio de 2008. Participaram da pesquisa dez coordenadores de serviços de saúde. Os dados foram trabalhados mediante análise temática e, posteriormente, agrupados em três núcleos de sentido: o entendimento dos fluxos assistenciais; o funcionamento da rede; e as dificuldades e potencialidades vislumbradas. Evidenciou-se uma rede em processo de construção, destacando-se a existência de movimentos que visam à melhoria da articulação entre os serviços e consequente qualificação da assistência para os usuários da rede de cuidado em saúde mental. Propõe-se um estreitamento das relações entre os serviços, intensificando a articulação entre a atenção primária, os serviços substitutivos e a atenção hospitalar. Destaca-se o papel da gestão nesse processo, considerando a necessidade de envolvimento de diferentes setores para a efetivação de um serviço de atenção à saúde mental mais qualificado.

User embracement in practices care in psychosocial care centers the perspective of local managers

“…This situation configures poor connectivity of the network, with fragmentation of care, which implies reduction of solvency, despite the efforts to qualify services and care processes [25,26].…”

<b>Conhecimento dos coordenadores de centros de atenção psicossocial sobre política nacional de saúde mental/ knowledge of psychosocial care center coordinators about the national policy of mental health<b>

“…Ela que detecta os casos ali nos lugares onde eles estão, com os agentes comunitários de saúde achando cada um deles dentro da sua casa, identificando cada um deles, referenciando pro CAPS os casos de CAPS. (1:15) Entretanto, os profissionais que atuam na atenção básica estão despreparados para lidar com o sofrimento psíquico e com as necessidades subjetivas das pessoas e, geralmente, as ações se limitam a reprodução de receitas e encaminhamentos a outros serviços especializados (2,4,17) . Diante desta realidade e considerando a demanda para esta área da saúde, é preciso capacitar e ou supervisionar as equipes que atuam na atenção básica com vistas ao atendimento das questões relativas à SM do cidadão (4,17,18) .…”

“…Neste cenário, o atendimento em SM tem sido redirecionado para a assistência psicossocial, com enfoque no modelo de atenção que cuida das pessoas no seu meio social. Assim, a autonomia e subjetividade do indivíduo são valorizadas na proposta terapêutica, com o objetivo de atender, apoiar e reabilitar a pessoa com transtorno mental no meio em que vive (3,4) . Neste modelo de atenção psicossocial, tratar é promover a possibilidade de que as pessoas com sofrimento psíquico, transtornos mentais e\ou com problemas relacionados ao álcool e outras drogas possam viver em comunidade, com grau de autonomia possível, mas sem exigir que tenham de adotar um padrão ideal de comportamento.…”

“…A responsabilidade social da equipe de saúde dos CAPS representa a base para a operacionalização de uma mudança efetiva no modelo de atenção em saúde mental, e é necessário que haja maior engajamento dos profissionais com o trabalho (1,4) . Entretanto, ao analisar a realidade assistencial da SM no país, nota-se que instituições especializadas deparam-se com desafios referentes ao processo de desinstitucionalização, caracterizados por dificuldades em implementar ações para a reinserção social e familiar.…”

“…Entretanto, ao analisar a realidade assistencial da SM no país, nota-se que instituições especializadas deparam-se com desafios referentes ao processo de desinstitucionalização, caracterizados por dificuldades em implementar ações para a reinserção social e familiar. Muitas vezes, tal processo é entendido como mera desospitalização, não havendo mudança no contexto do cuidar (4,5) . Neste tocante, destaca-se a importância do papel do coordenador dos serviços, pois o modelo de coordenar tem estreita relação com o modelo assistencial instituído (9) , considerando-se que, dependendo da sua compreensão e das suas atitudes, haverá influência no direcionamento dos serviços.…”