“…Desse modo, ao longo do trabalho sobre o roteiro, o autor do filme tem o direito de introduzir no enredo as modificações que achar necessárias: "Tudo o que importa é que a sua visão seja coerente e integral, e que cada palavra do roteiro lhe seja cara e venha filtrada pela sua experiência criativa pessoal" (TARKOVSKI, 2010, p. 16). Dito de outro modo, assim como os cineastas das "novas ondas" do cinema europeu, como o Neorrealismo italiano e a Nouvelle vague francesa, Tarkovski reivindicava para si o direito de ser autor de um roteiro, em um período em que a literatura dominava, hierarquicamente, o cinema no país (JALLAGEAS, 2007). Portanto, o diretor passou a ver o roteiro não mais como uma limitação à criação, mas como um possível ponto de partida, cujo sentido deveria ser reinterpretado à luz de sua visão pessoal do filme a ser realizado.…”