Os sentidos da economia solidária: reflexões sobre um curso de formação

Abstract

Resumo Neste artigo, apresentam-se reflexões sobre um curso de Formação em Economia Solidária da Senaes, que é parte de uma política pública do Governo Federal para Economia Solidária (ES) no Brasil. Tendo como referência a relação entre o movimento social e o Estado, buscou-se perceber os sentidos da economia solidária nesse processo de formação. Considerando-se os objetivos, valores e princípios manifestados pelo movimento da ES na literatura e nos documentos coletados, identificou-se a ES crítica e a ES neoliberal. A pesquisa empírica ocorreu em duas etapas: uma documental e outra etnográfica, que abordaram os três momentos diferentes do curso: pré-concepção, concepção e implementação. Os dados foram examinados por meio da análise de conteúdo e, após esse percurso, foi possível perceber que, de forma geral, há uma consonância de sentidos nos três momentos identificados em torno da ES crítica e uma prática pedagógica apropriada nos espaços de sala de aula. Constatou-se ainda uma moderação do discurso feita pela Senaes que, a princípio, não descaracteriza o movimento da ES, mas apresenta potencial risco no que diz respeito ao desvio de seu ideário e objetivos. Nas considerações finais, retomam-se os pontos de destaque da pesquisa e discutem-se brevemente os limites e possibilidades dessas ações promovidas via Estado.

Economia solidária e saúde mental: um relato sobre práticas de inclusão pelo trabalho

“…Na literatura, são escassos os referenciais teóricos específicos sobre educação popular para Economia Solidária no Brasil. Entretanto, as práticas pedagógicas nesta área são permeadas principalmente pela Teologia da Libertação e pela Pedagogia da Autonomia e do Oprimido de Paulo Freire (Gontijo & Paula, 2019). Neste sentido, a fim de descolar a imagem da economia solidária das discussões e perspectivas inflamadas pelas tensões político-partidárias daquele momento, o extensionista lançou mão da teoria dos jogos como referencial.…”

“…O manejo de falas e atitudes que ameacem ou descaracterizem as práticas no campo da Economia Solidária, devem ser conduzidos com atenção e cuidado, para não desmobilizar os envolvidos, e não incorrer o próprio profissional em um desacato às premissas éticas e teóricas deste trabalho. Nesta moldura, para Gontijo & Paula (2019) o grande desafio no trabalho com os componentes de grupos de Economia Solidária está em uma reeducação coletiva que promova uma lógica cooperativa. A reflexão teórica é a base para as noções, compromissos e valorização dos princípios da Economia Solidária, e deve complementar a experimentação prática, pois dessa emerge a mudança de comportamento e sentimento a partir da vivência (Gontijo & Paula, 2019).…”

“…Nesta moldura, para Gontijo & Paula (2019) o grande desafio no trabalho com os componentes de grupos de Economia Solidária está em uma reeducação coletiva que promova uma lógica cooperativa. A reflexão teórica é a base para as noções, compromissos e valorização dos princípios da Economia Solidária, e deve complementar a experimentação prática, pois dessa emerge a mudança de comportamento e sentimento a partir da vivência (Gontijo & Paula, 2019). Neste processo, este enfrentamento para desarmar os integrantes uns em relação aos outros, desencorajar mecanismos de defesa de autossabotagem no grupo e incentivar as falas e práticas alinhadas a Economia Solidária, são procedimentos necessários no processo de estruturação prática dos grupos para administração, produção e vendas.…”