A classificação das neoplasias constitui um importante capítulo da Patologia, podendo-se destacar alguns de seus objetivos: ordenar o conhecimento atual, uniformizar a nomenclatura, permitir melhor reprodutibilidade de diagnósticos e agrupar as lesões de acordo com a histogênese. Do ponto de vista anatomoclínico, essas classificações também são importantes na área da Oncologia por contribuírem como um dado a ser levado em conta na estimativa da evolução clínica do paciente. Além disso, a uniformização da nomenclatura dos tumores é essencial para que os dados de frequência, evolução, tratamento e prevenção obtidos em regiões geográficas diferentes possam ser comparados.A história da classificação de tumores pela Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a tomar forma em 1952 (7) , quando o subcomitê do Comitê de Especialistas em Estatística da Saúde da OMS discutiu os princípios gerais que norteariam a classificação estatística de tumores e chegou à conclusão que, para assegurar a necessária flexibilidade e facilidade de codificação, seriam necessárias três classificações distintas, de acordo com: 1) sede anatômica; 2) tipo histológico; e 3) grau de malignidade. Um passo mais importante foi dado em 1956 (5) , quando o Comitê Executivo da OMS aprovou uma resolução solicitando ao diretor-geral a avaliação da possibilidade da OMS organizar centros em vários países com o objetivo de coletar e classificar amostras histológicas de diferentes tipos de tumores, visando a adotar uma nomenclatura uniforme. Essa resolução foi aprovada na 10ª Assembleia Mundial da Saúde, em maio de 1957 (6) e, no mês seguinte, um Grupo de Estudos sobre a Classificação Histológica de Tipos de Câncer se reuniu na cidade de Oslo, na Noruega, para assessorar a OMS na implementação da resolução.O Grupo de Estudos recomendou critérios para seleção das sedes dos tumores para estudo e sugeriu as seguintes diretrizes para orientar a classificação histológica e testar sua validade: 1) para cada sede e tipo de tumor, deve ser elaborada uma tentativa de classificação histopatológica por um grupo de especialistas; 2) a seguir, um laboratório considerado centro de referência e outros laboratórios colaboradores designados pela OMS avaliam as classificações propostas; 3) os laboratórios participantes trocam as preparações histológicas entre si, acompanhadas de informação clínica; 4) estabelece-se uma classificação com base no consenso; 5) posteriormente, uma ou mais reuniões periódicas são convocadas pela OMS para facilitar troca de opiniões e possíveis correções ou modificações da classificação. Como se pode ver, essas diretrizes, com algumas pequenas modificações, continuam válidas até hoje.