Poucos estudos têm avaliado a capacidade de deslocamento das espécies na matriz, contribuindo para o acúmulo ao longo dos anos de abordagens que utilizavam uma espécie alvo para representar e proteger a biodiversidade local. Recentemente, a abordagem de 'perfis ecológicos', busca preencher algumas lacunas deixadas pelas outras abordagens, levando em conta três eixos de características (tipo de ecossistema, exigências de área e capacidade de deslocamento na matriz) de espécies alvo, que possam representar uma gama de espécies que não possuam essas informações e demandem necessidades ecológicas 'similares'. Nesse estudo, realizamos um estudo cienciométrico com enfoque na temática deslocamento na matriz para espécies que ocorrem na Mata Atlântica e avaliamos o possível uso da abordagem de perfis ecológicos no bioma. Em uma visão global, o Brasil contribui com menos de 0,005% do que é publicado mundialmente sobre a temática, o que permite concluirmos que a contribuição brasileira ainda é recente e reduzida. Para a Mata Atlântica, encontramos 24 artigos publicados até janeiro de 2010, dos quais apenas 15 apresentaram valores explícitos de deslocamento na matriz para espécies desse bioma. Dentre esses 15, o objetivo mais comum foi avaliar a dispersão de espécies (capacidade de atravessar a matriz passando de um habitat para outro). Os mamíferos não-voadores foram o grupo mais frequente nos trabalhos e as aves apresentaram o maior número de espécies estudadas. Provavelmente pela maior facilidade de captura e maior ocorrência em fragmentos florestais, apenas aves e pequenos mamíferos foram estudados, resultando em baixos valores de deslocamento na matriz encontrados para espécies da Mata Atlântica. Além disso, essa contribuição apresenta um forte viés regional, onde o estado do Rio de Janeiro contribui com toda a informação sobre a temática para os mamíferos não-voadores e São Paulo para as aves. Considerando todos os estudos analisados, embora diversos aspectos sobre a temática tenham sido enfocados, fica patente que o conhecimento sobre a capacidade de deslocamento na matriz ainda é muito restrito. Este fato, aliado à carência de informação sobre exigências de área das espécies, torna praticamente impossível a adoção da abordagem de perfis ecológicos na Mata Atlântica, pelo menos em curto prazo. Palavras-chave: Conectividade funcional; gap crossing; capacidade perceptual; Ecologia de Paisagens; cienciometria. ABSTRACT INTER-HABITAT MOVIMENT FOR ATLANTIC FOREST SPECIES AND THE DIFICULTY TO BUILD ECOPROFILES. Few studies have evaluated the animals' capacity of inter-patch movement, which contributed to the buildup over the years of approaches that use a target species to represent and protect the DESLOCAMENTO NA MATRIZ PARA ESPÉCIES DA MATA ATLÂNTICA