O ensino libertário e a relação entre trabalho e educação: algumas reflexões

Abstract

Um dos principais desafios nos estudos a respeito da pedagogia escolar anarquista consiste, precisamente, em apreender os conteúdos de ensino. Com essa preocupação, este texto tem triplo objetivo: analisar a proposta educativa da instituição a cargo do professor libertário João Penteado, em São Paulo, nas primeiras décadas do século XX; indicar aspectos considerados relevantes relacionados à concepção de educação integral e à forma como o trabalho está presente na organização do ensino; e, por fim, apresentar alguns apontamentos de pesquisa que possam contribuir para sua continuidade e seu aprofundamento. Optou-se por abarcar período relativo a dois momentos de existência da escola dirigida por João Penteado - a Escola Moderna Nº 1 (1912-1919) e a Escola Nova (1920-1923). Entende-se que a cronologia definida consegue abranger a pluralidade de práticas escolares necessárias aos propósitos da análise. A documentação utilizada limita-se basicamente a jornais e demais fontes produzidas e/ou acumuladas nos diferentes períodos de existência da(s) escola(s), em particular, os jornais Boletim da Escola Moderna, Boletim da Escola Nova, Boletim da Academia Saldanha Marinho, O Início, O Iris. No estudo do primeiro período, que coincide com o da Escola Moderna, são também utilizadas notícias publicadas por alguns jornais da imprensa operária e anarquista, como A Lanterna, A Vida e O Amigo do Povo, entre outros.

Em defesa do ensino de psicologia na educação básica: uma proposta a partir do estudo de currículos secundaristas de países com alto índice de desenvolvimento humano

“…Uma de suas grandes contribuições foi a noção de que o trabalhador deveria ter o direito de acessar o conhecimento das artes e das ciências de modo que sua inteligência viesse a permitir-lhe a emancipação. O grupo de colaboradores (fossem funcionários docentes ou não docentes) da escola era heterogêneo do ponto de vista político 9 , composto por livres pensadores que buscavam a "secularização da sociedade, a laicidade do ensino, a educação científica, democrática e igualitária" (Moraes, Calsavara & Martins, 2012). O financiamento das escolas contava com diversas origens, mas todas relacionadas ao movimento operário e sindical, de modo que quando o movimento se fortalecia, as escolas também eram diretamente beneficiadas e quando da fragilização do movimento, menos recursos eram disponibilizados para as escolas.…”

“…8 A Escola Moderna nº 1 existiu de 1912 a 1919 (fechada pelo governo paulistano que alegou ser a escola um lugar de corrupção do operário com ideias anarquistas) e a Escola Nova de 1920 a 1923 (ambas dirigidas por João Penteado). Há sinais de que houve continuidade de uma pela outra(Moraes et al, 2012, p. 997 e 1005).…”