Inventário da sociologia do engajamento militante: Nota crítica sobre algumas tendências recentes dos trabalhos franceses

Abstract

Este artigo apresenta um levantamento crítico de um campo de pesquisa particularmente ativo na França, nos últimos vinte anos, a sociologia do engajamento militante. Ele retraça a renovação dessa corrente sociológica expressa pela instauração do paradigma interacionista, que se interessa pela dimensão processual do engajamento e das carreiras militantes, e também o modo como a noção de retribuições da militância foi aprimorada e repensada. Após um panorama dos debates teóricos relativos ao surgimento, ou não, de "novas formas" de militância, até mesmo de "novos militantes", o artigo destaca dois desafios atuais da pesquisa, ambos relativos à questão da divisão social do trabalho: examinar mais atentamente o vínculo entre transformações macrossociais e engajamento, e a composição organizacional da militância.

As Vias De Politização Sacerdotal No Maranhão (1950-1990)

“…Para compreender essa questão da politização do engajamento religioso, temos partido de uma grade de leitura interdisciplinar, combinando leituras da sociologia política, pesquisa historiográ-fica e questionamento antropológico (PETRARCA, 2007;SAWICKI & SIMEANT, 2011;SIMEANT, 2001SIMEANT, , 2003SERBIN, 2008;SEIDL, 2009;SUAUD, 1991;REIS, 2008REIS, , 2010SUAREZ, 1991). Isso que nos tem levado a conduzir a pesquisa através de um trabalho his-toriográfico de arquivos, com a consulta de documentos internos à organização eclesial, levantamento de publicações, acadêmicas ou não, sobre a igreja e biografias de clérigos, assim como à realização de uma série de entrevistas em profundidade com um pequeno grupo de sacerdotes que, no recorte em pauta, se destacaram por seu engajamento simultaneamente profissional e militante (8 entrevistas realizadas até o momento).…”

A dimensão educativa da luta de mulheres por moradia no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de São Paulo

“…Helen se lembrava exatamente da data em que entrou para o movimento ( RUSKOWSKI, 2016, p. 192 (ANJOS, 2008;FILLIEULE, 2001;MORENO;ALMEIDA, 2009;SAWICKI;SIMÉANT, 2011;RUSKOWSKI, 2016).…”

“…Além disso, identifica competências e modalidades de ação no enfrentamento dos problemas, que não haviam sido incorporadas antes de seu ingresso no MTST e que desenvolveu junto aos anos de atuação no movimento. Essa percepção pode operar como uma das recompensas de seu engajamento, justamente, diante da possibilidade que encontrou de responder e se opor às opressões de diferentes ordens (ANJOS, 2008;LEITE;DIMENSTEIN, 2010;SAWICKI;SIMÉANT, 2011 As disposições para militância que foram criadas ou intensificadas, quando confrontadas com uma conjuntura social específica, no caso na luta pelo direito ao acesso à moradia, podem ainda redundar em modalidades particulares de sua manutenção mesmo depois da conquista da casa, como veremos no próximo capítulo.…”

“…Os estudos sobre o engajamento sugerem que a adesão à luta coletiva envolve fundamentalmente a identificação dos indivíduos com as causas e objetivos de um determinado grupo organizado e que a duração do engajamento pode depender de dois fatores principais: (i) das relações sociais, disposições e carreiras pessoais acumuladas ao longo da trajetória dos indivíduos e (ii) das recompensas que os indivíduos são capazes de atribuir aos processos de participação. Ambos os fatores, que não são excludentes entre si, envolvem uma perspectiva relacional do engajamento, na qual as interações entre indivíduos nos contextos da ação coletiva são fundamentais para que a participação se sustente ao longo do tempo (NAUJORKS;SAWICKI; SIMÉANT, 2011;RUSKOWSKI, 2016).…”

“…Nesse processo, o contato com um referencial de valores comunitários é capaz de oferecer uma visão de mundo coerente e estruturada permite conciliar os diferentes significados e retribuições que poderão ser atribuídas ao engajamento e à ação militante. (ANJOS, 2008; BANCK, 1990;LEITE; DIMENTEIN, 2010;SAWICKI; SIMÉANT, 2008).…”