Malraux en Mai: crisologie du "temps des limbes"

Abstract

A conferência que publicamos a seguir foi proferida pelo Prof. Joël Loehr, da Universidade da Borgonha, França, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Faculdade de Letras da UFRJ, no dia 17 de abril de 2009, e constitui uma síntese de comunicações feitas durante vários colóquios dedicados à obra de André Malraux e de artigos publicados em diversas revistas literárias.Joël Loehr é um especialista da obra de André Malraux, e como tal se vem apresentando em inúmeros eventos, trazendo sempre uma leitura arguta e pessoal que contribui para a renovação dos estudos malrucianos. Sua tese de doutorado, publicada pela editora Champion em 2004 e intitulada Répétitions et variations chez André Malraux, propõe-se a reler os romances do reconhecido escritor francês de maneira outra, à luz dos escritos sobre a arte, nos quais Malraux afirma uma estética profundamente antirrealista, e de suas reflexões sobre a literatura, onde mostra que "o gênio do romancista está na parte romanesca que não se pode reduzir à narrativa".A conferência aqui apresentada é tributária dessa leitura renovadora. Vai buscar em um texto pouco difundido de Malraux uma visão extremamente contemporânea da literatura e da participação do escritor na sociedade moderna. Ao abordar a presença de Maio de 68 na reflexão de André Malraux, estuda, no texto de Le Miroir des limbes, três objetos simbólicos que o escritor, em seu diálogo ficcional com um personagem imaginário, utiliza: o primeiro para caracterizar a luta pelas liberdades sociais, a que assistimos nos anos 60-70; o segundo para salientar a necessidade de se repensar a forma e a função da literatura naqueles tempos, superando a voz da autoridade e fazendo ecoar a voz coletiva; e o terceiro para acentuar a força e o poder da escritura, que, como uma droga, não cessa de incentivar e alimentar, em tempos de crise, a arte e o artista em sua função maior que é, como afirma o próprio Malraux no prefácio de Le Temps du mépris (1935), a de "tornar os homens conscientes da grandeza que ignoram em si mesmos".