A Pesquisa Em Psicanálise E O “Catador De Restos”: Enlaces Metodológicos

Abstract

RESUMO: Os atuais retratos encontrados no âmbito da saúde mental infanto-juvenil e da Educação convocam a Psicanálise a se (re)inventar a fim de estar em diferentes sítios. Nesse sentido, este artigo busca sustentar a noção do oficineiro/pesquisador-catador-de-restos, problematizando se é possível forjarmos um modo, nas bordas da Psicanálise, Educação e Cinema, que nos auxilie na reinvenção de dispositivos de escuta e intervenção com sujeitos que vivem as nuances da passagem adolescente.

A construção da escuta-flânerie: uma pesquisa psicanalítica com socioeducadores

“…Mais amplamente, uma de nossas expectativas a partir deste trabalho é de que alguns rastros aqui deixados inspirem outros pesquisadores a se aproximarem da socioeducação. Em meio a construções metodológicas anteriores (Gurski, 2008(Gurski, , 2014Gurski & Strzykalski, 2018) acerca da flânerie como inspiração para a pesquisa psicanalítica, a experiência desta pesquisa-intervenção foi uma aposta em outros possíveis modos de a psicanálise estar em instituições sociais como a socioeducativa. A partir dos diferentes espaços de compartilhamento da experiência, em especial na orientação, a escutaflânerie surgiu como um efeito da conjugação da escuta psicanalítica com a ética do flâneur.…”

“…vivências fomentam experiências que desacomodam e enriquecem os sujeitos (Gurski, 2012;Gurski & Strzykalski, 2018). Enlaçamos à posição ética do psicanalista e à escuta da transferência o tema da experiência e a figura do flâneur em Benjamin.…”

“…Por meio de sua tese de doutorado, Gurski (2008) situava um ponto de referência para essa ideia de fazer conversar a psicanálise, o tema da experiência em Walter Benjamin e a flânerie retomada de Baudelaire por Benjamin, construindo a noção de ensaio-flânerie, fazendo daí decantar um método de investigação e de escrita. Dali em diante, outros efeitos foram produzidos nos diferentes trabalhos do grupo, como a nomeação da posição do catador de restos na escuta de jovens das margens (Gurski & Strzykalski, 2018).…”

O Enlace entre Psicanálise, Educação, Cinema e a Experiência Adolescente

“…Concerning the adolescence, we believe that the use of movies related to what is being put in question in this time of passage can configure a powerful device of intervention in the borders of mental health and of education Strzykalski, 2018b). The creation of a space of listening and intervention with teenagers who, besides having limited access to cultural assets, among them the cinema, quite often lack spaces to speak about themselves and the questions that worry them, seemed to us a powerful way to make a hole in the often strict daily routine of the school institution.…”

“…Thus, it is about thinking the insertion of movies in the school actually as an Other 4 , that is, another place of transmission, another way of transmission that bets both in the plurality of the discourses and the knowledge of the teenagers' experience. This is so because one of the most important notions concerning the possible dialogues of Education with the Cinema and with Psychoanalysis refers, precisely, to the dimension that experiences can decant from the lived experience (Benjamin, 1994b;Gurski, 2012;Strzykalski, 2018b).…”