From the point of view of literary theory and comparative literature, this article aims to analyze how it is configured the narrative of life of a patient of the General and Didactic Clinic of the University of São Paulo School of Medicine, in the context of a consultation with the resident who attends her, and how that narrative is reconfigured by the same resident, both in the conversation with her assistant and at the resumption of the consultation with the patient, in which diagnostic hypotheses, predictions and treatments will be transmitted. The analysis undertaken here is based mainly on the concepts of prefiguration, configuration and refiguration established by Paul Ricoeur in his book Time and Narrative (2010); narrator and narrative point of view, as in Arrigucci Jr. (1998) and Friedman (2002); and the cultural aspects of the comic genre, as in Aristotle (s/d), Darnton (1996), Bakhtin (1999) and Baudelaire (2002). In conclusion, this paper aims to propose some analytical and theoretical grounds for the concept of a “cleaved’ or “impure” narrator in the context of the relations between narrative and medicine.RESUMENEste artigo busca analisar, do ponto de vista da teoria literária e da literatura comparada, o modo como é configurada, por ela mesma, a narrativa de vida de uma paciente do Ambulatório Geral e Didático do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo num contexto de consulta com a médica residente que a atende, e de que modo essa narrativa é reconfigurada pela mesma residente, tanto na conversa com seu assistente quanto na retomada da consulta com a paciente, na qual hipóteses diagnósticas, prognósticos e tratamento lhe serão transmitidos. A análise empreendida aqui funda-se essencialmente nos conceitos de prefiguração, configuração e refiguração, tal como estabelecidos por Paul Ricoeur em sua obra Tempo e narrativa (2010); narrador e ponto de vista narrativo, tal como em Arrigucci Jr. (1998) e Friedman (2002); e do riso em suas articulações culturais, tal como em Aristóteles (s/d), Darnton (1996), Bakhtin (1999) e Baudelaire (2002). Ao final, este trabalho visa a propor bases analíticas e teóricas para a definição do conceito de narrador “clivado” ou “impuro”, no contexto das relações entre narrativa e medicina.