Introdução-As comunidades negras rurais vivem desigualdades sociais de saúde e enfrentam problemas de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Este estudo coloca em perspectiva a alimentação das famílias de uma área quilombola em Aquiraz: CE explorando a dimensão alimentar do conceito de SAN sob os aspectos das práticas de consumo, produção, acesso e disponibilidade alimentares. Objetivos-Caracterizar saberes e práticas alimentares relacionados à segurança alimentar nutricional, identificar a alimentação e sua disponibilidade dentro de sistemas produtivos; descrever o perfil antropométrico dos indivíduos e verificar os determinantes socioambientais que constroem essa alimentação; descrever o comércio local; identificar os alimentos disponíveis, as formas de abastecimento e as relações existentes entre comerciantes e quilombolas. Metodologia-Estudo descritivo quanti-qualitativo realizado em distintas etapas, utilizando multimétodos e as técnicas: grupo focal, observação, fotografias, entrevistas e antropometria. Os alimentos de consumo foram identificados através de um questionário alimentar. Resultados-O padrão alimentar das famílias revelou uma boa variedade de alimentos e mostrou singularidades quanto à forma e obtenção de alimentos, classificação e utilização destes. Foi confirmada e reforçada a importância da macaxeira como alimento básico local, apesar das mudanças ocorridas nos sistemas alimentares de subsistência. Quanto ao estado nutricional, houve um predomínio da eutrofia e prevalência de excesso ponderal. Os comércios são estruturas familiares e tem uma grande variabilidade alimentar. A renda de aposentadorias, benefícios sociais e trabalhos rurais movimentam o comércio. As relações são de confiança e dependência. Os alimentos mais vendidos são arroz, feijão, açúcar, macarrão e farinha. Considerações finais-Os padrões alimentares e práticas persistem, mas apresentam elementos de transição da agricultura para o comércio. Alguns alimentos/comida são centrais para a identidade coletiva: macaxeira, farinha e feijão. O comércio garante variabilidade de alimentos e para o acesso cria mecanismos de facilitação de compra e venda. Na direção de SAN identificou-se a necessidade de políticas voltadas para o desenvolvimento local que promovam a segurança alimentar e nutricional através do incentivo à agricultura familiar, diminuindo a dependência de programas sociais.