Frutas, legumes e verduras: recomendações técnicas versus constructos sociais

Abstract

Recomendações e prescrições de metas à população, muitas vezes, são construídas apenas com base em definições técnico-científicas, ignorando processos sócio-construtivos dos riscos que envolvem valores, percepções e experiências. Dessa forma, barreiras importantes podem dificultar o avanço de políticas de implementação dessas recomendações. Este artigo apresenta contribuições multidisciplinares à construção de recomendações e metas prescritas, essencialmente no que tange ao consumo de frutas, legumes e verduras, discutindo sobre algumas barreiras psicossociais e macro-estruturais para o consumo desses alimentos e suas implicações para as intervenções de base populacional. Assumindo um propósito reflexivo, o artigo conduz uma revisão crítica analisando a problemática em questão à luz de teorias estruturalistas sobre a construção social do risco. Recomendações e prescrições de metas definidas foram analisadas considerando o risco, seus determinantes sociais, componentes e conceitos agregados como fatores multidimensionais. Lições importantes extraídas da revisão incluem: 1) a necessidade de incorporar as contribuições populares à definição da agenda, conteúdo, estratégias de comunicação e implementação da política de alimentação; 2) a essencialidade da retomada dos aspectos não-nutricionais do alimento como componentes indispensáveis à valorização e promoção do consumo de frutas, legumes e verduras; e 3) a necessidade de adotar um conceito de alimentação saudável, que acompanhe a amplitude do conceito de saúde. A análise indica que as mensagens devem aproximar-se mais da valorização da cultura e tradição, evitando referências à alimentação saudável, essencialmente ou exclusivamente baseadas em nutrientes, doenças, longevidade e sofisticação.Termos de indexação: cultura; programas e políticas de nutrição e alimentação; risco; sociologia; vegetais.

Amongst wishes and possibilities: eating habits of pregnant women from an urban community in Southern Brazil

“…12 A diet focused on the intake of FVG helps to reduce the risks of cardiovascular diseases and cancer, and can also reduce the risk of obesity, diabetes and malignant neoplasms, especially gastrointestinal ones. [12][13] Such scientific evidence has turned into initiatives of promotion of healthy diets, but the results show low rates of adherence from people to this new eating habit.…”

“…It has been observed that it is necessary to provide new knowledge and give way to popular knowledge, valuing traditions and eating cultures. 3,13 Another reported aspect was the increase in the number of meals and in food intake: [ After the analysis of these statements, we see the adaptations of the mother to the new nutritional demands, especially new times for meals and the increase of food intake.…”

Concepções de agricultores ecológicos do Paraná sobre alimentação saudável

“…In this respect, lay people take on a fundamental role in deconstructing and reconstructing paradigms and models that are not based only on social fears or technical-scientifi c threats. 7 Many risks, such as chemical contaminations, harmful substances in foods and ailments of civilization still completely escape immediate human perception. The dangers are often neither visible not perceptible to those who are affected and, in certain cases, will not become active during the affected individuals' lifetimes but will have consequences for their descendants.…”

Diferenciais socioeconômicos e comportamentais no consumo de hortaliças e frutas em mulheres residentes em município da região metropolitana de São Paulo

“…Em geral, prevalecem padrões altamente energéticos, compostos por refeições rápidas, ricas em gorduras e açúcares simples 11,21 . Nesse cenário, há que compreender melhor a distância existente entre o risco estabelecido pela comunidade científica e o risco reconhecido pela população em geral, no que diz respeito ao consumo de frutas, legumes e verduras, e a manutenção ou promoção de uma alimentação saudável, especialmente na elaboração de políticas públicas em alimentação e nutrição 22 .…”