2008
DOI: 10.1590/s1415-47142008000500003
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Escravidão e nostalgia no Brasil: o banzo

Abstract: Este artigo discute a nostalgia dos escravos, chamada banzo no Brasil. A história do banzo é um campo de pesquisa onde se cruzam a história do tráfico transatlântico de escravos, a história da psicopatologia e a história das doenças.

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“…Algo bastante interessante foi a utilização dos termos "banzú" ou "landú" para descrever as pessoas com sintomas depressivos. A utilização dessas palavras parece ser uma variação do termo "banzo" utilizado para definir uma enfermidade mental, uma variante do estado de tristeza e de depressão psicológica causado pela desculturação, nostalgia e saudade da África relatados pelos escravos após o desembarque no Brasil (Oda, 2013). Algumas falas ilustram essa concepção:…”
Section: A Construção Social Do Sofrimento Mental: Reconhecimento E Funclassified
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“…Algo bastante interessante foi a utilização dos termos "banzú" ou "landú" para descrever as pessoas com sintomas depressivos. A utilização dessas palavras parece ser uma variação do termo "banzo" utilizado para definir uma enfermidade mental, uma variante do estado de tristeza e de depressão psicológica causado pela desculturação, nostalgia e saudade da África relatados pelos escravos após o desembarque no Brasil (Oda, 2013). Algumas falas ilustram essa concepção:…”
Section: A Construção Social Do Sofrimento Mental: Reconhecimento E Funclassified
“…Nesse caso, o Banzo, apresentado como enfermidade causada pela exacerbação do sentimento de saudades ou outra paixão triste (Oda, 2013), parece explicar o sofrimento e o comportamento dessas pessoas diante da perda. Para Furtado et al (2014), a comunidade quilombola, por ser um espaço de trocas e compartilhamento de conteúdo simbólico-afetivo, permite aos sujeitos se sentirem pertencentes a esse universo particular e se apropriarem de valores e conteúdos inerentes à realidade em questão.…”
Section: A Construção Social Do Sofrimento Mental: Reconhecimento E Funclassified
“…Foram várias as formas de combater as agruras funestas da escravização: resistências individuais e também coletivas. Como já se apontou na introdução o suicídio dos escravizados foi uma forma de fugir ao cativeiro (ODA, 2008); os furtos e a embriagues constantes, também estiveram dentre os artifícios da desobediência (SIMAS, 2014); junto a estas estavam também a organização de levantes pequenos que culminavam no assassinato de senhores e feitores, mas que dado o caráter revolto espontâneo, portanto, pouco organizado, acabavam se entregando à autoridade local (REIS, 2000); existiram também a organização dos quilombos, que foram organizações de ajuntamento de pessoas negras fugidas. Dentre elas, a mais significativa foi o Quilombo de Palmares.…”
Section: O Movimento Negro Brasileirounclassified
“…Durou quase cem anos e, durante esse período, desestabilizou regionalmente o sistema escravocrata" (MOURA, 1989, p. 38). Mas é evidente que um Quilombo que pode ser tratado como república de homens livres, como ilustra Moura (1989) em um título de capítulo, justifica-se pelas condições sócio-históricas específicas reunidas que possibilitaram aquele agrupamento, como trata Oda (2008).…”
Section: O Movimento Negro Brasileirounclassified
“…Desde o primeiro negro que foi sequestrado violentamente das suas origens, na África, retirado do seu ecossistema e contexto cultural, e trazido como escravo, no processo de colonização, para o Brasil, uma terra estranha, com hábitos e culturas distintas de suas origens, observaram-se os prejuízos à saúde mental da população negra no Brasil, onde muitos se suicidaram ou morreram em função da apatia, do banzo. O termo banzo foi utilizado por pessoas que passaram pelo Brasil na época da colonização e que registraram a situação de sofrimento vivenciada pelos escravos no país (Oda, 2008). Para Fausto (1995), durante a colonização do Brasil os africanos escravizados sentiam-se desamparados e perdiam a motivação para viver, e manifestavam saudades das experiências vivenciadas com seu povo, processo nomeado na época por banzo.…”
Section: Introductionunclassified