Medicalização dos desvios de comportamento na infância: aspectos positivos e negativos

Abstract

A medicalização dos comportamentos desviantes na infância é apresentada como uma estratégia eficaz para lidar com crianças que apresentam algum tipo de dificuldade, sem que, no entanto, as dificuldades desse processo sejam claramente expostas. O processo de medicalização, porém, é complexo e apresenta muitos resultados negativos. Dentro desse contexto, nosso objetivo é refletir sobre essas dificuldades. Primeiramente, apresentamos como se dá a relação entre medicalização e infâcia. Em seguida, discutimos alguns aspectos considerados positivos e negativos da medicalização. Para finalizar, consideramos que enquadrar uma criança em um diagnóstico psiquiátrico apresenta sérias consequências indesejáveis, e acaba sendo mais útil para a sociedade e para o entorno da criança do que para a própria criança.

Perfil do uso de Medicamentos em Pacientes Autistas Acompanhados na APAE de um Município do Interior da Bahia

“…Como já foi elucidado acima, o tratamento medicamentoso requer disciplina e de acordo com Brzozowski;Caponi (2013);Farias;, a administração de fármacos no autismo é paliativo, pois promove uma melhora no sofrimento das consequências provocadas pela condição…”

Diagnosis and treatment of ADHD: criteria used by different professional categories

“…For Brzozowski and Caponi (2013), this stance increases the risk of indiscriminate medication use, which contributes for the defense of those who argue that the body of the individual is the only focus of problems that should be solved, without considering the impact of the disorder for the social and academic contexts in which the child or adolescent is. This stance is close to the logic that underlies the medical education -for which the organic aspects are a priority in relation to psychosocial aspects when understanding mental disorders (Brzozowski & Caponi, 2013).…”

Diálogos Sobre Medicalização Da Infância E Educação: Uma Revisão De Literatura

“…Em um estudo similar, que ouviu relato de pais e professores, Cruz et al (2016) identificaram que, apesar de eles informarem ao médico a ineficiência do uso do medicamento, esta tem sido a terapêutica mais rápida, centrada unicamente na dificuldade do estudante. Além disso, há um desconhecimento enorme da doença por parte da família, tornando mais fácil a aceitação do diagnóstico pelos pais/responsáveis e professores, tornando-se útil para a sociedade e para o entorno da criança do que para a própria criança (Brzozowski & Caponi, 2013 (Collares & Moysés, 2010;Decotelli et al, 2013). Observa-se que a adesão dos pais pelo medicamento deve-se, provavelmente, à melhora da capacidade da atenção e ao controle da agitação dos filhos.…”