RESUMOEste estudo objetivou levantar e analisar os sentimentos e percepções presentes em familiares e pessoas com transtorno afetivo bipolar acompanhados em um centro de atenção psicossocial (CAPS). Trata-se de um relato de experiência desenvolvido com metodologia qualitativa. Foram sujeitos da pesquisa indivíduos com transtorno bipolar e suas famílias que se encontravam em tratamento no CAPS por um período superior a dois anos. O instrumento de registro foi o caderno de campo, e posteriormente realizou-se a análise temática, que originou as seguintes categorias: As atividades socializantes desenvolvidas no CAPS como estratégias de reabilitação desta clientela; e Sentimentos e comportamentos expressos pelas famílias. Os resultados mostraram a falta de informações sobre a doença e seu tratamento, a importância das atividades socializantes realizadas no CAPS para os usuários, os sentimentos de tristeza, angústia e solidão associados a comportamentos de paciência e apoio por parte dos familiares. Neste contexto, a enfermagem deve atentar para as percepções dos usuários e os sentimentos vivenciados pelos familiares, na tentativa de obter melhores resultados em relação à estabilidade do usuário e à valorização do convívio familiar.
INTRODUÇÃOOs primeiros indícios do transtorno afetivo bipolar acompanham a história da civilização, pois existem relatos de casos desta patologia desde o início da Idade Antiga, na Grécia e em Roma. Nessa época Saul, rei de Israel, lutou contra os filisteus de maneira corajosa; mas em dado momento uma tristeza e um tormento tomaram conta de sua vida, deixando-o desmotivado e apático. Estes episódios foram transitórios, mas tempos depois ele chegou a se suicidar devido à depressão (1) . De forma geral, a Idade Antiga foi marcada por rituais místicos e empíricos, como práticas terapêuticas voltadas para o tratamento de transtornos mentais.A teoria de Hipócrates substituiu as crenças mitológicas pela Biologia, e foi ele o primeiro a descrever a melancolia. Aretaeus da Capadócia foi quem inicialmente sugeriu a mania como sendo o estágio final da melancolia e, deste então, muitos conceitos foram elaborados por diversos estudiosos daquela época acerca dessas descrições (2) . Na metade do século XIX, Jules Falret e Baillarger articularam a ideia de que mania e depressão representariam uma única doença, porém com diferentes manifestações. Essa concepção correspondeu às primeiras noções explícitas da doença maníaco-depressiva (2) . Não obstante, é somente em 1966 que se constata maior ênfase à doença bipolar, através de trabalhos que representaram marcos para as investigações que envolvem os transtornos de humor. Estes estudos tornaram-se publicações importantes na história da psiquiatria: "Sobre a Etiologia e a Nosologia de Psicoses Depressivas Endógenas" escrito por Jules Angst e "Um